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09/01/2013 - 19h11

Sem Chávez nem posse, chavismo festeja novo mandato presidencial

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DE CARACAS

Com o aval do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, o chavismo comemora nesta quinta-feira (10) o início do próximo mandato de Hugo Chávez como presidente do país sem a presença dele, que permanece internado em Cuba. A cerimônia de posse formal está adiada para uma data indefinida, mas os partidários preparam uma grande festa em frente ao Palácio Miraflores, em Caracas.

Pelo menos dois líderes sul-americanos já confirmaram presença, a despeito da ausência de Chávez. São eles José Mujica, do Uruguai, e Evo Morales, da Bolívia. Outra aliada próxima, Cristina Kirchner, da Argentina, vai enviar o seu chanceler, Héctor Timerman. A própria presidente planeja visitar o convalescente Chávez, em Cuba, na sexta-feira (11).

Chávez permanece hospitalizado em Cuba desde dezembro passado, quando passou por uma cirurgia em decorrência de um câncer na região pélvica. O presidente sofreu complicações e, conforme o governo, se recupera, em situação "estacionária".

O venezuelano não aparece nem faz declarações em público desde que chegou à ilha, alimentando boatos de que estaria inconsciente.

Alejandro Pagni/France Presse
Homem exibe cartaz de Chávez durante ato de apoio ao presidente, na embaixada venezuelana em Buenos Aires
Homem exibe cartaz de Chávez durante ato de apoio ao presidente, na embaixada venezuelana em Buenos Aires

JUSTIÇA

O TSJ, a principal corte do país, chancelou nesta quarta-feira o adiamento indefinido da posse de Chávez. A decisão era esperada, dado o alinhamento do TSJ ao governo. Os magistrados foram indicados pela maioria chavista da Assembleia.

A corte invocou o segundo trecho do artigo 231 da Carta, que permite o juramento do eleito ante o Tribunal Supremo de Justiça, e não na Assembleia Nacional, se "ocorrer um motivo imprevisto" . O tribunal ratificou a visão dos chavistas que não há data estipulada para isso e que a posse em 10 de janeiro vale só para a cerimônia no Legislativo.

Lida pela presidente do TSJ, Luísa Estela Morales, a sentença diz que amanhã começa um novo mandato para o qual Chávez foi eleito em outubro, mas a solenidade de posse "não é necessária" porque ele foi reeleito. Não há, segundo a magistrada, nem mesmo "ausência temporária" do presidente, que terá tempo, sem limites, para se recuperar, ou seja, para que o "motivo imprevisto" de sua falta à solenidade de posse desapareça.

Segundo Morales, há continuidade administrativa e o vice-presidente, Nicolás Maduro, seguirá no cargo, assim como os demais ministros.

A oposição rejeita energicamente a interpretação, que classifica de "grave violação da ordem constitucional". Dizem que a leitura do artigo 231 é casuística e que o mandato de Chávez 2007-2013 termina hoje e que amanhã o presidente da Assembleia Nacional deve assumir interinamente o poder.

O argumento é que o posto, ocupado pelo chavista Diosdado Cabello, é o primeiro eleito por voto direto depois de Chávez. Questionam especialmente a legitimidade de Maduro seguir no posto atual a partir de amanhã.

À diferença do Brasil, o vice não faz parte da chapa eleitoral. É um cargo de livre nomeação pelo presidente que teria de ser validado, na leitura dos antichavistas, para o próximo período constitucional.

OPOSIÇÃO

Mais cedo, em entrevista ao jornal venezuelano "El Universal", a Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão oposicionista, já havia assegurado que recorreria ao próprio Supremo, à OEA (Organização de Estados Americanos) e até ao Mercosul para contestar o adiamento, que considera inconstitucional.

"O TSJ não tem atuado com independência, mas tem o dever de fazê-lo, nós vamos recorrer porque há que se estabelecer precedentes. Nós, venezuelanos, não podemos nos resignar a esses funcionários que não cumprem com seu dever", afirmou o secretário-executivo da MUD, Ramón Guillermo Aveledo.

Para a oposição, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, deveria assumir a Presidência interinamente já nesta quinta, já que o vice não tem legitimidade. Se isso ocorresse, Cabello teria até 30 dias para convocar uma nova eleição presidencial.

SAÚDE

Segundo o último boletim médico, divulgado na noite de segunda (7), Chávez está em "situação estável" em relação à insuficiência respiratória que teve após uma infecção pulmonar.

Em cadeia de rádio e televisão, o ministro da Comunicação venezuelano, Ernesto Villegas, leu um breve comunicado oficial no qual lembrou a "infecção pulmonar sobrevinda no curso do pós-operatório" e assegurou que "o tratamento vem sendo aplicado de forma permanente e rigorosa".

Ele disse que pretende manter informada a população venezuelana sobre o presidente, no poder desde 1999, e pediu aos venezuelanos que ignorem as mensagens da "guerra psicológica que pretendem perturbar a família venezuelana".

 

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