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Análise: Crime mancha reputação de 'transição exemplar' do país
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IAN BLACK
DO "GUARDIAN"
Surgiu na Tunísia a primeira faísca da Primavera Árabe, e o país tornou-se um exemplo dos avanços positivos. Queda de um ditador com relativamente pouco sangue derramado, transição ordeira, eleições livres e a ascensão de um partido islâmico que fora proscrito por muito tempo, lutou pela inclusão e se projetou como moderado.
Na comparação com instabilidade no Egito, matança na Síria e violência esporádica na Líbia, o país se saía bastante bem. Mas o assassinato de Chukri Bel Aid chamou a atenção do modo mais extraordinário possível para os problemas sérios da Tunísia.
Bel Aid representava grupos oposicionistas insatisfeitos com o Nahda, partido governista. O Nahda condenou o crime, mas as suspeitas se voltaram imediatamente para salafistas insatisfeitos com o liberalismo social do mais secular dos países árabes.
O governo é criticado por não lutar contra a intimidação e a violência de pregadores e em redes de relacionamento social extremistas. Agressões a jornalistas, ativistas e artistas não vêm sendo nem sequer investigadas.
Os problemas do Nahda com os islâmicos radicais guardam semelhanças com os enfrentados por Mohamed Mursi e o governo da Irmandade Muçulmana no Egito.
Diferentemente do que acontece no Egito, contudo, o partido governista tunisiano não forjou um relacionamento forte com o Exército e o establishment de segurança, que, conforme relatos, estaria mal equipado para lidar com extremistas violentos.
Além da divisão entre islâmicos e liberais, há pressões econômicas e sociais crescentes. Virou moda dizer que a Primavera Árabe se tornou um "inverno islâmico" acossado pela violência e pelo extremismo. Essa ainda é uma visão exagerada e parcial.
O primeiro assassinato político na Tunísia pós-revolucionária não cancela outras conquistas. Mas sua reputação como exemplo de transição para a democracia parece nitidamente maculada.
Tradução de CLARA ALLAIN
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