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Dom Cláudio Hummes diz que renúncia de papa não é 'anormalidade'
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PATRÍCIA BRITTO
DE SÃO PAULO
O ex-arcebispo de São Paulo dom Cláudio Hummes, 78, disse nesta segunda-feira (11) que o anúncio sobre a renúncia do papa Bento 16 foi "uma grande surpresa", mas que essa possibilidade já havia sido levantada. Bento 16 informou hoje que deixará o posto em 28 de fevereiro.
Cardeal brasileiro diz que papa estava 'limitado' e não se vê como sucessor
Leia a íntegra do comunicado de renúncia
Entenda como funciona o processo de escolha do papa
Leia texto de Joseph Ratzinger publicado na Folha em 2005
Hummes, que também é arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, no Vaticano, é um dos cinco cardeais brasileiros que deverão participar do conclave para eleger o próximo papa.
"Foi uma grande surpresa, mas ele mesmo já havia assinalado para isso numa entrevista que deu a um jornalista alemão [Peter Seewald], onde dizia que um papa que percebesse que não tinha mais condições físicas, poderia e até deveria renunciar. A partir daí, muitas vezes foi levantada essa suposição: será que este papa vai um dia renunciar?", disse.
O cardeal brasileiro disse, contudo, que apesar de surpreendente, a renúncia de um papa "não é nenhuma anormalidade" e que está "dentro das normas da Igreja".
Para dom Cláudio Hummes, a decisão de Bento 16 "foi um ato de muita sabedoria, coragem e humildade da parte dele". Segundo o cardeal brasileiro, a decisão foi sábia, uma vez que "de fato hoje a Igreja precisa ter uma presença muito forte, que é muito exigente".
Sobre a escolha do próximo papa, Hummes disse acreditar que o conclave deve escolher um papa que não seja muito idoso nem muito jovem.
"Houve o papa João Paulo 2º, que foi muito jovem, e este já bastante idoso. A gente pensa que se deve procurar um candidato que esteja entre esses dois extremos. Certamente existem bons candidatos", disse.
"O importante é que o papa que seja eleito seja um homem de Deus, um homem de fé", completou Hummes.
ENTENDA
O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.
Além de dom Cláudio, os cardeais brasileiros que deverão votar são dom Geraldo Majella Agnelo, 79, arcebispo emérito de Salvador; dom Odilo Scherer, 63 (o mais novo), arcebispo de São Paulo; dom Raymundo Damasceno Assis, 76, arcebispo de Aparecida; e dom João Braz de Aviz, 65, ex-arcebispo de Brasília.
Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, está fora do conclave por ter completado 80 anos em dezembro. Também já ultrapassaram a idade limite os cardeais dom Paulo Evaristo Arns, 91, ex-arcebispo de São Paulo; dom Serafim Fernandes de Araújo, 88, ex-arcebispo emérito de Belo Horizonte; e dom José Freire Falcão, 87, ex-arcebispo de Brasília.
A lista de eleitores no conclave tem cardeais de cerca de 70 países diferentes. Os cardeais italianos são os de maior número.
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