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Novo estudo liga cólera no Haiti à ONU
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RENATO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE PORTO PRÍNCIPE
Evidências científicas divulgadas recentemente reforçaram a hipótese de que a causa do surto de cólera que começou em 2010 e matou 8.000 haitianos teve origem nos soldados nepaleses da Minustah (Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti). A missão é comandada militarmente pelo Brasil.
Os dados foram apontadas pelo mesmo grupo de especialistas que integrou um painel da ONU sobre o tema --embora o relatório final, na ocasião, não apontasse diretamente a culpa para os nepaleses e sim para uma "confluência de fatores".
"Quando nós estávamos no painel, a linhagem do cólera do Nepal não havia sido sequenciada, então podíamos dizer que ela parecia com outras linhagens asiáticas, mas não podíamos dizer que se parecia com a do Nepal", disse a pesquisadora norte-americana Daniele Lantagne, da universidade Tufts.
"Após o fim do painel, no entanto, nós recebemos a linhagem de cólera do Nepal e então soubemos que ela batia exatamente com a linhagem que foi encontrada no Haiti. É a mesma", conclui.
Apesar de não fazerem mais parte do painel, os quatro especialistas trabalham em pesquisas relacionadas ao cólera e por isso continuaram analisando relatórios sobre o caso do Haiti.
Foram três trabalhos em especial que despertaram a atenção do grupo, por conter informações novas para aumentar a discussão sobre o caso. Como a ONU não solicitou um novo relatório, eles decidiram divulgar as novas evidências.
Além do trabalho com os sequenciamentos dos micro-organismos, Lantagne afirma que outro relatório trouxe novas informações epidemiológicas sobre como o cólera "viajou" da parte alta para a mais baixa do país, ao longo do rio Artibonitte.
O assunto é politicamente explosivo no país. Ontem, haitianos protestaram contra a ONU em Porto Príncipe e acusaram a organização de ser a culpada pelo surto.
fFALTA DE SANEAMENTO
A base dos soldados do Nepal ficava ao lado de um afluente na parte alta do Rio Artibonitte --o local apontado pelo novo relatório como provável início do surto. Reportagens mostraram que não havia o devido tratamento dos dejetos das bases nepalesas, jogados no córrego.
O surto de cólera explodiu no país em outubro de 2010. Além dos mortos, foram infectados cerca de 600 mil haitianos pela doença, que provoca diarreia, com risco de desidratação intensa.
As condições precárias de saneamento no Haiti e o difícil acesso da população à água tratada contribuíram para o efeito devastador da doença. Casos de cólera não eram registrados no país havia mais de um século.
A Folha apurou que a divulgação recente dessas evidências foi um dos principais motivos para a ONU, em um movimento raro, ter invocado no início do ano imunidade para não indenizar as vítimas da doença. A Minustah foi procurada, mas informou que não comentaria as novas evidências e os aspectos legais que as envolvem.
Dieu Nalio Chery/Associated Press | ||
Manifestantes em Porto Príncipe mostram cartaz com os dizeres: "A cólera da ONU é um crime contra a humanidade" |
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