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31/03/2013 - 04h00

Europa aumenta cerco a imigrantes por causa da crise

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BERNARDO MELLO FRANCO
DE LONDRES

A ofensiva do governo britânico para limitar o acesso de estrangeiros a benefícios sociais reacendeu o temor de que os imigrantes virem bodes expiatórios da crise econômica na Europa.

A medida segue os exemplos da Espanha, que no fim do ano passado impôs barreiras no atendimento em hospitais, e da Grécia, que ergueu uma cerca de arame farpado na fronteira com a Turquia.

Em outros países em dificuldades, como França e Itália, os governos tentam resistir à pressão de partidos que ganham força ao discursar contra a União Europeia e a favor de controles mais rígidos à circulação de pessoas.

No Reino Unido, críticos acusam o primeiro-ministro David Cameron, do Partido Conservador, de apostar na repressão aos imigrantes como fórmula para recuperar popularidade nas pesquisas.

Petros Giannakouris - 24.abr.2012/Associated Press
Manifestação em Atenas contra a política do governo grego para auxílio aos imigrantes
Manifestação em Atenas contra a política do governo grego para auxílio aos imigrantes

O pacote que ele anunciou na última segunda-feira também vai dificultar a vida de estrangeiros com permissão para viver e trabalhar no país, que terão menos acesso a benefícios como seguro-desemprego e saúde pública.

"Existe um risco claro de os estrangeiros levarem a culpa pela crise", disse à Folha Jonathan Portes, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social (NIESR, na sigla em inglês).

"Do ponto de vista econômico, as medidas são desnecessárias, porque estudos mostram que os imigrantes pedem menos benefícios ao governo do que os trabalhadores nascidos no Reino Unido. Mas o tema cresceu na agenda política e será importante nas eleições de 2015."

A tese de que os estrangeiros sobrecarregam o Estado de bem-estar social britânico é contestada pelo Instituto de Estudos Fiscais (IFS), que afirma que os trabalhadores vindos do leste europeu pagam mais em impostos do que recebem em benefícios.

De acordo com a instituição, a probabilidade de um desses imigrantes pedir ajuda ao governo é 59% menor do que a de um britânico.

Outro estudo, recém-concluído na Universidade da Europa Central de Budapeste, diz não haver ligação entre a oferta de seguro-desemprego e os movimentos migratórios no continente.

Pesquisadores compararam dados de 19 países. Dinamarca, Bélgica e Finlândia são os que mais pagam o benefício, mas não estão entre os destinos mais procurados.

PESQUISAS

Apesar dos números, o discurso de Cameron contra o que ele chama de "turismo de benefícios" ganha cada vez mais força no Reino Unido.

A limitação ao acesso de estrangeiros a hospitais, por exemplo, é defendida por 75% da população, segundo pesquisa do instituto YouGov. Já 86% são a favor de banir benefícios para estrangeiros recém-chegados ao país.

O Partido Trabalhista também tem endurecido o discurso contra os imigrantes. Em janeiro, o líder Ed Miliband disse que a sigla foi omissa na questão e defendeu a ideia de restringir o acesso à rede de proteção social.

Editoria de Arte/Folhapress

Com a oposição em silêncio, a tarefa de criticar o governo tem sobrado para clérigos da Igreja Anglicana.

Em entrevista ao jornal "The Observer", o bispo de Dudley, David Walker, acusou os partidos políticos de fazerem críticas "absolutamente desproporcionais" aos gastos com os imigrantes.

"É especialmente lamentável que na Semana Santa, quando os cristãos lembram como Jesus virou bode expiatório de uma disputa política, nós tenhamos que ver os políticos competindo entre si em torno dessa questão."

 

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