Em visita à França, papa pede reconciliação entre fé e política
Na sua primeira visita à França como pontífice, o papa Bento 16 discursou ao lado do presidente francês Nicolas Sarkozy dizendo que a religião e a política devem estar abertas uma para a outra. Ele conclamou os católicos franceses a se fazerem ouvidos na França e em outros países de tradição secular.
O papa foi recebido pelo presidente francês e a primeira-dama, Carla Bruni, no aeroporto de Orly e foi levado para o Palácio do Eliseu. O papa saudou a França por manter as raízes do catolicismo em sua cultura e pelo "diálogo sereno e positivo" entre fé e poder.
Alberto Pizzoli/AP |
Bento 16 encontra-se com líder francês Nicolas Sarkozy |
De sua parte, Sarkozy, divorciado duas vezes e que raramente vai a missas, disse que seria "tolice" para a França ignorar a longa história do pensamento cristão no país sobre Deus, o homem e a natureza.
Falando em francês fluente, o papa reconheceu que "é fundamental, por um lado, insistir na distinção entre a esfera política e a esfera religiosa", mas que é necessário "se tornar mais ciente do papel insubstituível da religião na formação de consciências [e] na criação de um consenso ético básico dentro da sociedade".
A Igreja Católica Francesa mantém uma estrita separação entre a Igreja e Estado. No entanto, a Igreja Católica tem perdido fiéis no país. Um pesquisa do instituto Ifop mostrou que menos de 10% da população freqüenta as missas da igreja aos domingos. Nos últimos anos, o crescimento do islamismo na França tem motivado a Igreja Católica a participar mais na vida social no país.
Ainda hoje, o papa deve discursar para mais de 700 pessoas sobre fé e cultura em um centro católico de Paris. Entre os presentes, estarão intelectuais, artistas e representantes das comunidades judaicas e muçulmanas da França.
Há dois anos, em uma palestra na cidade de Regensburgo, na Alemanha, o papa citou um imperador bizantino do século 14 ao explicar porque disseminar a fé pela violência não é recomendável. A fala provocou protestos em países muçulmanos, que interpretaram a fala como uma ofensa. O papa se desculpou hoje na França e o líder da Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, disse que o caso está encerrado.
Em sua viagem de quatro dias pela França, o papa deve visitar a Capela de Lourdes, no sul do país. A capela recebe anualmente mais de seis milhões de visitantes em busca de milagres e este ano completam-se 150 anos desde a aparição de Virgem Maria a uma garota de 14 anos no local. "Não vamos a Lourdes buscando milagres. O amor de Maria é a verdadeira cura", disse o papa.
Com Reuters e Associated Press
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