Venezuela aprova referendo que permite reeleição ilimitada
O presidente Hugo Chávez obteve uma grande vitória política neste domingo com a aprovação do referendo que estabelece a reeleição ilimitada para alguns cargos públicos, entre eles o de presidente.
Com isso, Chávez poderá se candidatar às eleições de 2012 no país para um possível terceiro mandato.
Entenda o que está em jogo no referendo
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Jorge Silva/Reuters |
Presidente da Venezuela, Hugo Chavez, conquistou vitória política com aprovação de referendo; veja imagens da votação de hoje |
A chefe do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, afirmou que 94% dos votos foram contabilizados e que 54% é a favor do referendo.
Partidários do referendo, que já haviam começado comemorações antes do anúncio dos resultados, comemoram em Caracas, segundo imagens da CNN e o jornal venezuelano "El Universal".
A oposição conseguiu 45,63%, segundo o anúncio oficial.
"Queremos felicitar o povo de toda a Venezuela por seu comportamento cívico e democrático no dia de hoje. Foi uma jornada extraordinária", afirmou Lucena. A abstenção foi de 32,95%.
Em dezembro de 2007, um referendo que também colocou a mesma questão para os venezuelanos foi rejeitado no país. No entanto, além da reeleição ilimitada, o referendo de 2007 colocava uma série de outras mudanças constitucionais. A consulta popular realizada hoje era apenas um sim ou não para a questão específica da reeleição.
Após votar, Chávez afirmou que seu destino político dependia do dia de hoje. "Hoje nas mesas eleitorais o meu destino político está sendo decidido, para mim como ser humano é importante, eu peço a Deus que todo o processo termine bem", afirmou o presidente, segundo o jornal venezuelano "El Nacional".
Votação
A votação começou com atraso, mas o governo venezuelano declarou estar satisfeito com o processo. A oposição pediu até o último momento a participação dos eleitores no referendo.
Jornais venezuelanos anunciaram que boca de urna e a busca de eleitores de última hora ocorreram no país. Ao menos 71 pessoas foram presas devido a ações que ferem a legislação eleitoral do país, segundo a Efe.
Julio Borges, coordenador nacional Primeiro Justiça (PJ, direita), afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo denunciou o uso do poder público, meios de comunicação, Forças Armadas e demais instituições públicas pelo governo no referendo ocorrido hoje.
Polêmicas
A polêmica do referendo na Venezuela começou antes mesmo da votação, com a expulsão, na última sexta-feira (13) do eurodeputado Luis Herrero, convidado do opositor Partido Social Cristão (Copei), para acompanhar o referendo.
Herrero pegou um voo para São Paulo, de onde foi para a Espanha. O governo espanhol então se queixou ao embaixador da Venezuela, Alfredo Toro Hardy, em relação ao tratamento dado ao espanhol. Chávez, no entanto, minimizou a questão e afirmou que o episódio não afetaria as relações entre os dois países.
Além do episódio diplomático, o governo venezuelano utilizou uma campanha ostensiva para a aprovação do referendo, que ainda encontrava uma vantagem pequena pendente ao sim.
Segundo o especialista Sergio Gil Marques dos Santos, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, a vitória de Chávez pode ameaçar liderança do Brasil na região.
Com Efe, Associated Press e Reuters
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