Votação no Irã é estendida mais uma vez; oposição denuncia irregularidades
A votação na eleição presidencial iraniana, realizada nesta sexta-feira no país, foi estendida novamente por conta da grande presença de eleitores nos colégios eleitorais.
O horário de votação estava previamente marcado para terminar às 18h, mas agora os colégios eleitorais foram autorizados a funcionar até a meia-noite (16h30 em Brasília). Autoridades esperam um índice de participação de eleitores de cerca de 70% dos 46 milhões de eleitores aptos a votar, próximo ao recorde de 80% alcançado quando o reformista Mohammad Khatami foi eleito em 1997.
No pleito desta sexta-feira, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad busca a reeleição. Ele disputa com três candidatos de oposição: o independente pró-reformista Mir Hossein Mousavi, o clérigo Mehdi Karubi e o conservador Mohsen Rezai.
Abedin Taherkenareh/Efe |
Candidato presidencial, o clérigo Mehdi Karubi deposita seu voto em colégio eleitoral de Teerã |
Desde as primeiras horas da manhã, famílias inteiras foram aos mais de 49 mil colégios eleitorais espalhados por todo o país em uma jornada de reivindicação e festa, apenas nublada por alguns atos de vandalismo.
Nas ruas de Teerã, as longas filas de eleitores tinham uma cor quase comum, dependendo do local da capital no qual se encontrassem.
No norte, a zona mais rica da cidade, sobressaiu o verde dos seguidores do ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi, principal rival do presidente.
No sul, onde se concentra a maioria dos bairros mais desfavorecidos, dominava o verde, branco e vermelho da bandeira do Irã, adotado por Ahmadinejad.
'Vou votar em Mousavi', admitiu à agência de notícias Efe Zahra Montasem, dona de casa que votou na madrassa (escola muçulmana) Hafez, junto ao Grande Bazar.
'Mas não é uma questão de liberdade, porque para isso existem diferentes interpretações. Acho que o que precisamos é de trabalho para os jovens e luta contra a pobreza, e acho que Mousavi pode regular estes problemas', explicou.
A crise econômica foi, no entanto, uma das principais razões pelas quais grande parte da população optou por Mousavi, lembrado como bom gerente durante os anos difíceis em que comandou o governo, entre 1981 e 1989, em plena guerra com o Iraque.
Ibrahim Yazdi, primeiro-ministro de Assuntos Exteriores da República Islâmica, tesoureiro de seu fundador, o aiatolá Ruhollah Khomeini durante o exílio em Paris e agora um dos homens mais críticos do regime, revelou à Efe que prefere o ex-primeiro-ministro.
'Votei em Mousavi. Acho que é uma boa opção', afirmou.
Mais ao sul, nos arredores do Grande Bazar, um funcionário público assegurava que votou em Ahmadinejad porque se sentia satisfeito com trabalho dele. "Embora tenha ocorrido problemas, estou satisfeito com ele. Acho que ele não roubou o dinheiro do povo", declarou.
Irregularidades
Além da participação em massa da população, as denúncias de irregularidades por parte da oposição marcaram nesta sexta-feira as décimas eleições presidenciais da era revolucionária no Irã, nas quais
Segundo o chefe do comitê de supervisão dos votos em Mousavi, Ali Akbar Mortazaminpour, "mais de 40% dos colégios da capital careceram de observadores'.
Aparentemente, muitos dos delegados, tanto de Mousavi como de Karubi, não puderam exercer sua função porque as credenciais que receberam "continham erros".
Mortazaminpour denunciou também que foram emitidas "mais de sete milhões de cédulas a mais do que as necessárias para a votação'.
Em Queitarieh, uma dezena de milicianos voluntários islâmicos Basij atacaram com bombas de fumaça uma das sedes de Mousavi. Ninguém ficou ferido.
Os resultados finais, que devem ser validados pelo poderoso Conselho dos Guardiães, serão conhecidos 24 horas após o fechamento das urnas.
No caso de nenhum dos quatro candidatos conseguir mais de 50% dos votos considerados válidos, deverá ser realizado um segundo turno, já previsto para a próxima sexta-feira (19).
Com Efe, Reuters e Associated Press
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