ONU pede medidas concretas para impulsionar progresso da mulher
A ONU reivindicou nesta segunda-feira da comunidade internacional ações concretas para derrubar as barreiras e erradicar as condutas que obstaculizam o progresso rumo à igualdade de gêneros e impedem o pleno desenvolvimento dos direitos da mulher.
Com essa mensagem, a organização abriu a 54ª sessão da comissão sobre o status jurídico e social das mulheres, que durante toda a semana do Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo dia 8, analisará o cumprimento dos compromissos em matéria de igualdade de gêneros adotados na Declaração de Pequim de 1995.
O documento adotado há 15 anos estabelece diretrizes para o pleno respeito aos direitos da mulher e sua integração.
"É uma questão de justiça social, mas também é totalmente necessária levando em conta o contexto de crise econômica no qual estamos. Não é apenas uma questão de justiça, é uma questão de eficiência e rentabilidade econômica", disse em um encontro com a imprensa a ministra de Igualdade da Espanha, Bibiana Aído.
Responsável por apresentar o relatório da União Europeia (UE), presidida pela Espanha neste semestre, Aído apontou avanços no campo da educação, na luta contra a violência de gênero e no tráfico de mulheres e meninas para exploração sexual.
As mulheres representam 60% das pessoas que terminam seus estudos na UE e o fazem com melhores notas que os homens, embora "infelizmente a nossa incorporação ao mercado de trabalho não tenha mudado", disse Aído.
A ministra espanhola lamentou que persista uma disparidade salarial entre homens e mulheres, que é de 17% na UE, e que elas tenham uma presença reduzida nos altos cargos das grandes empresas.
Ao mesmo tempo, Aído adiantou que a UE deve anunciar no próximo dia 8 a criação de um observatório sobre a violência de gênero, uma ordem europeia de proteção e um telefone único de assistência.
Impulso
A comissária de Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania da UE, Viviane Reding, disse à agência Efe que o bloco tentará impulsionar o desenvolvimento de políticas que promovam a igualdade de gêneros no contexto global.
"Temos que canalizar nossa ajuda de tal forma que ajude a mulher a sair da pobreza", apontou Reding, ao lembrou que a maior parte dos pobres e analfabetos do mundo é de mulheres.
Além disso, ressaltou a vontade europeia de aumentar a luta, dentro e fora de suas fronteiras, contra "problemas não resolvidos", como a mutilação genital, o tráfico de mulheres e meninas e a violência de gênero.
"A cada dia, 6.000 meninas são mutiladas. Trabalhamos para que essa prática seja criminalizada em toda a UE e que o nível de conscientização aumente no mundo todo", acrescentou.
Reding considerou que ajudaria muito nesta tarefa a existência de uma agência das Nações Unidas especializada na mulher e lamentou os "atrasos administrativos" que impediram até o momento o começo do novo organismo, aprovado pela Assembleia Geral da ONU em 2009.
Políticas
Em seu discurso na comissão, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, Sha Zukang, ressaltou que desde a Declaração de Pequim, muitos governos implantaram políticas de igualdade de gênero, mas esses avanços contrastam com a estagnação em outros países.
"O desafio que enfrentamos não é o de conseguir progressos nesta matéria, mas os avanços que aconteceram foram desiguais entre países e regiões", apontou.
Sha destacou que "não se pode avançar no cumprimento dos Objetivos do Milênio se não há avanços em igualdade de gênero".
"Desafio os que têm o poder de tomar decisões a tomarem ações concretas, como construir mais creches, ampliar as licenças maternidade ou autorizar as de paternidade, para que o homem não tenha desculpas para não participar do cuidado dos filhos", concluiu.
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