Irã deve colaborar com investigação de suposto complô, diz ONU
A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta sexta-feira uma resolução de condenação ao suposto complô iraniano para assassinar o embaixador saudita em Washington, desbaratado no mês passado pelos Estados Unidos. A entidade decidiu ainda que Teerã deve colaborar com as investigações.
Por 106 votos a favor, 9 contra e 40 abstenções, os países-membros da ONU decidiram instar a República Islâmica a "cumprir todas suas obrigações no âmbito do direito internacional", incluindo a específica convenção sobre a prevenção e a punição de crimes contra pessoas internacionalmente protegidas, tais como diplomatas.
A medida aprovada pede ainda que o Irã, que rejeitou as acusações, coopere "com os Estados que chamarem a comparecer perante a Justiça aqueles que tenham participado no planejamento, patrocínio, organização ou tentativa de execução do complô para assassinar" o embaixador da Arábia Saudita nos EUA.
"Esta resolução envia a firme mensagem ao Irã de que os ataques contra as pessoas internacionalmente protegidas são inaceitáveis", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, afirmando categórica que Washington "desmantelou um complô para assassinar o embaixador saudita em território dos Estados Unidos".
ENTENDA
O governo dos EUA acusou no dia 11 de outubro o americano de origem iraniana Manssor Arbabsiar e ao iraniano Gholam Shakuri de participar de uma trama terrorista supostamente orquestrada pelo Irã para atentar contra as embaixadas da Arábia Saudita e Israel em Washington e assassinar o embaixador saudita.
Paul J. Richards/France Presse - 18.jun.2004 | ||
Imagem de arquivo mostra o embaixador saudita Adel al Jubeir, suposto alvo do complô terrorista desbaratado |
A resolução condena essa tentativa de assassinato contra o embaixador saudita em Washington, mas não acusa diretamente o Irã dessa trama, que de novo foi rejeitada nesta sexta-feira pelo representante de Teerã perante a ONU, Mohammad Khazaee.
"O Irã não está envolvido em nenhuma atuação como essa nem nos Estados Unidos nem em nenhum outro lugar", afirmou o diplomata iraniano, considerando que o texto "prejudica a credibilidade da ONU" por admitir acusações que "não são provadas e não contam com o devido processo".
REAÇÃO DO IRÃ
Aidna em outubro, Teerã rejeitou furiosamente as acusações feitas por altos funcionários dos Estados Unidos, classificando-as como "amadoras".
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, advertiu os EUA para qualquer tentativa de "confronto" com o Irã no caso do suposto complô.
Atta Kenare - 30.jan.2011/AFP |
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi |
"Não queremos o enfrentamento, mas se [os Estados Unidos] nos impuserem, as consequências serão mais duras para eles" do que para o Irã, declarou Salehi no dia 12 de outubro.
O ministro criticou a "encenação dramática" feita pelas autoridades americanas e pela imprensa sobre a revelação do suposto comando iraniano, acusando-o de ter "apresentado as coisas como se tivesse havido uma explosão nuclear".
O representante permanente do Irã na ONU, Mohammad Khazaee, afirmou que estava "chocado em ouvir uma mentira tão grande" e considerou um "insulto ao senso comum" a sucessão de eventos anunciada pelas autoridades americanas.
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