Argentina e Irã selam pacto para investigar atentado antissemita
Dezenove anos após o atentado antissemita que matou 85 pessoas em Buenos Aires, a Argentina obteve do Irã a promessa de poder interrogar altos funcionários da república islâmica suspeitos de envolvimento no massacre.
O acordo firmado anteontem pelos chanceleres dos dois países às margens de uma reunião internacional, em Adis Abeba (a capital da Etiópia), sela a reaproximação bilateral, mas gera críticas contra a presidente argentina, Cristina Kirchner, acusada de curvar-se a Teerã.
O pacto cria uma comissão investigadora formada por cinco juízes que serão apontados pelos dois países, mas não podem ser argentinos nem iranianos.
Segundo anúncio oficial, a comissão deverá "rever" todos os documentos policiais e jurídicos usados até agora no processo, que já foi paralisado e retomado várias vezes, em meio a suspeitas de irregularidades e pressões políticas.
No ponto mais festejado por Kirchner, o acordo permitirá que autoridades argentinas interroguem os principais suspeitos iranianos, entre eles o atual ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, e o ex-presidente Ali Akbar Rafsanjani.
Mas, numa decisão que contraria a própria Promotoria argentina, o governo concordou em fazer as audiências em Teerã, para proteger os suspeitos da ordem internacional de prisão emitida contra eles pela Interpol.
O Irã nega envolvimento no ataque que devastou a sede da Associação Mutual Israelita Argentina, em 1994. Teerã também rejeita acusações de envolvimento no atentado contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires que, dois anos antes, matara 29.
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