Grupos opositores cubanos se unem contra regime
Dois proeminentes opositores cubanos, José Daniel Ferrer e Guillermo Fariñas --ganhador do Prêmio Sakharov 2010 do Parlamento Europeu-- anunciaram nesta quarta-feira a fusão de seus grupos e expressaram suas dúvidas de que o novo número dois cubano, Miguel Díaz-Canel, seja um reformista.
Fariñas, que dirige o Fórum Antitotalitário Unido na cidade de Santa Clara, e Ferrer, que lidera um grupo opositor no leste da ilha, afirmaram que outros dissidentes se uniram ao novo movimento, em um país comunista onde toda a oposição é ilegal.
"Consideramos que estamos vivendo um momento histórico e que é o momento de se unir acima das ambições pessoais", ressaltou Fariñas em uma coletiva de imprensa em Havana, acompanhado de Ferrer.
Ambos minimizaram a designação de Díaz-Canel, 52, como primeiro vice-presidente ao começar no último domingo (24) o último mandato do presidente Raúl Castro, que marca o início de uma substituição geracional.
"Não há indícios de que [Díaz-Canel] queira ser um Gorbachov", disse Ferrer em alusão ao líder reformista soviético que emergiu das estruturas do partido único, em um processo que conduziu à desintegração da União Soviética em 1991.
"Temos que ver se ele aspira se tornar um [Slobodan] Milosevic (o ex-presidente sérvio julgado por crimes de guerra) ou um Gorbachov", salientou Fariñas, que disse ser "amigo" de Díaz-Canel, pois ambos cresceram juntos em Santa Clara. "Jogamos basquete desde os nossos sete anos".
O novo movimento conservará o nome do grupo de Ferrer, União Patriótica de Cuba (Unpacu), e seu coordenador-geral será Félix Navarro Rodríguez, que fez parte do grupo de 75 dissidentes presos na "primavera negra" de 2003 e condenados a longas penas de prisão, tendo sido posteriormente libertados.
Ferrer disse que oito dos 14 membros do grupo de dissidentes que permanecem na Ilha aderiram à nova Unpacu, incluindo o próprio Ferrer.
"Usaremos todos os métodos pacíficos adaptáveis à nossa realidade", disse Fariñas, um psicólogo de 51 anos que completou cerca de vinte greves de fome contra o regime.
A oposição cubana tem estado fragmentada, com ativistas sem poder de reunião, assim como grupos no exílio que não conseguem ter influência dentro do país.
O próprio Fariñas admitiu que esta é a 12ª vez que assiste ao lançamento de uma nova oposição.
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