Ford indiana se desculpa por anúncio com caricatura de Berlusconi
Em comunicado, a filial indiana da Ford pediu desculpas nesta segunda-feira por causa de um anúncio exibido na Índia no qual uma caricatura do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi aparecia dirigindo um carro com três mulheres presas no porta-malas.
"Lamentamos profundamente o incidente. Isso nunca deveria ter ocorrido", afirmou a subsidiária da companhia automotiva americana em um comunicado reproduzido pelo jornal local "The Hindu".
O anúncio, que tinha sido idealizado para promover o Figo --o novo carro da companhia--, não chegou a ser distribuído oficialmente nem impresso em jornais, mas foi publicado durante horas no site da agência de publicidade JWT Índia, junto a outras opções.
A imagem usada na campanha mostra a caricatura do italiano fazendo um sinal de vitória e no comando de um carro vermelho. No porta-malas estão três mulheres com as mãos atadas. Uma delas aparece usando um uniforme policial.
Efe | ||
Caricatura usada em anúncio de carro mostra Berlusconi ao volante, com mulheres de mãos atadas no porta-malas |
Outras caricaturas usadas em outros modelos da campanha exibem alguns pilotos de Fórmula-1 atados no porta-malas do mesmo veículo, que, desta vez, é conduzido pelo heptacampeão Michael Schumacher. Além do piloto alemão, a modelo Paris Hilton também foi usada em outro modelo do anúncio.
"Os desenhos são contrários aos padrões de profissionalismo e decência da Ford e de nossos sócios. Estamos revisando os processos de aprovação e supervisão para garantir que algo assim não volte a ocorrer", afirmou a Ford Índia em comunicado.
O grupo de publicidade WPP --ao que pertence a JWT Índia-- argumentou que o vazamento dos anúncios "foi resultado de um ato individual sem a supervisão adequada" e que "tomará ações apropriadas" para evitar a repetição deste fato.
Apesar de os anúncios já terem sido retirados do site, a imprensa indiana repercutiu amplamente a campanha e criticou com bastante ênfase a utilização de mulheres como objetos sexuais.
Desde o estupro coletivo de uma jovem de 23 anos em Nova Déli no último mês de dezembro --fato que resultou na morte da vítima--, a imprensa indiana passou a denunciar quase que diariamente novos casos de agressões sexuais, sendo que os direitos e as condições das mulheres ganharam espaço em um amplo debate político.
Na última semana, por exemplo, o Parlamento nacional aprovou uma lei que reforça os mecanismos de proteção às mulheres e endurece as penas contra os agressores e estupradores.
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