Ministro diz que saída de Chipre da zona do euro seria um desastre
O ministro das Finanças de Chipre, Michael Sarris, disse nesta terça-feira que seria um desastre se a ilha do Mediterrâneo saísse da zona do euro. A permanência na moeda única foi garantida após um resgate de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).
Para obter a ajuda financeira exigida pelos credores, o país foi obrigado a economizar € 5,8 bilhões (R$ 15 bilhões). Desse valor, a maioria virá do confisco dos depósitos acima de € 100 mil de todos os bancos do país. Mais cedo, o ministro estimou que estes investidores perderão cerca de 40% do dinheiro aplicado.
As medidas sugeridas pelos credores --União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI (Fundo Monetário Internacional)-- causaram corrida aos bancos e protestos de moradores contra as entidades e os países que a controlam, em especial a Alemanha.
De modo a evitar a fuga de capitais, o governo decretou feriado bancário, que está em seu 11º dia. O governo limitou os saques nos caixas eletrônicos a € 100 (R$ 260) e reforçou a segurança nas agências da capital Nicósia para evitar atos violentos.
Em entrevista, Sarris disse que nem considera a possibilidade de sair da moeda única, o que também significaria o rompimento com a União Europeia.
Sobre a abertura dos bancos, o ministro disse que o governo estabelecerá controles às movimentações de capital para evitar a fuga em massa de recursos.
Ele afirmou que as restrições serão maiores nos dois principais bancos do país --o Banco de Chipre e o Laiki Bank-- e continuarão até o sistema bancário se estabilizar. No acordo para o resgate, o Laiki Bank será fechado e seus depósitos serão incorporados pelo Banco de Chipre, que receberá uma intervenção.
DEMISSÃO
Abrindo passagem para a reestruturação do governo, o presidente do Banco de Chipre, Andreas Artemis, pediu demissão nesta terça. A renúncia foi apresentada horas depois de o Banco Central de Chipre selecionar um administrador especial que será responsável pelas mudanças na instituição.
A demissão foi entregue ao conselho de administração do banco, que se reúne nesta terça. Também se espera que o escolhido para a intervenção, Dinos Christofides, se reúna pela primeira vez para determinar os rumos da instituição.
Christofides será o responsável pela reestruturação do Banco de Chipre, que incorporará os depósitos do Laiki Bank, e diz que ficará no cargo por tempo indeterminado. Mais cedo, ele se reuniu com o presidente do Banco Central, Panicos Demetriades, e integrantes da diretoria do órgão.
Enquanto se discute a aplicação do resgate e as mudanças bancárias, cerca de 1.500 estudantes cipriotas protestaram na capital Nicósia contra as medidas do resgate. Os manifestantes carregavam cartazes com frases contra a UE. "Fora a Troika de Chipre", "Tirem às mãos do nosso futuro".
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