Em crise, presidente de Chipre nega saída da zona do euro
O presidente do Chipre, Nikos Anastasiadis, negou categoricamente nesta sexta-feira a hipótese de o país sair da zona do euro, como sugerido por alguns políticos e círculos financeiros.
Falando à conferência anual do sindicato de funcionários públicos, o presidente ressaltou que Chipre deverá agora promover reformas para reduzir drasticamente os gastos públicos. Isso não significa, diz, redução de salários. Anastasiadis disse que, há um mês, quando assumiu o cargo, herdou "um Estado em falência".
Durante nove meses, ainda de acordo com o governante, se sabia que o banco Laiki estava em quebra, e que foi adiada a tomada de decisões para o novo governo, tudo isso apesar de a dívida do banco ter alcançado € 11 bilhões. Um dos acordos fechados com a 'troika' --formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI-- a respeito da reestruturação do setor bancário cipriota prevê o fechamento do Laiki.
O presidente do Parlamento, o social-democrata Yannakis Omiru, insistiu que Chipre não deve permitir que a troika lhe ponha "algemas". Nos últimos dias, Omiru fez duros ataques contra o acordo de resgate financeiro, que prevê uma ampla reestruturação do setor bancário cipriota.
De acordo com Omiru, o acordo contribui para o risco de que a economia cipriota caia em um círculo vicioso de recessão, desemprego, fechamento de empresas, pobreza e miséria social.
VIDA REAL
Os bancos cipriotas abriram nesta sexta-feira pelo segundo dia após o fechamento de quase duas semanas, e o Banco Central do Chipre pediu à população que mantenha a mesma calma demonstrada na jornada anterior.
"O dia de ontem demonstrou que não é preciso cair no pânico e que podemos ficar tranquilos e continuar pelo mesmo caminho", disse o gerente do Banco Central do Chipre, Yangos Dimitriu, em um programa matinal da emissora pública RIK.
Dimitriu prometeu que as restrições ao fluxo de capitais acabarão "o mais rápido possível" e lembrou que a primeira revisão acontecerá na próxima quarta-feira. Mas, nesta quinta (28), o chanceler Ioannis Kasulidis disse que a previsão é a de que os controles vigorem por "aproximadamente um mês".
Entre os controles estão um limite diário para saques por cliente, por banco, de € 300 (R$ 774), e a revisão de toda operação com valores acima de € 5.000 (R$ 12,9 mil). Para compras no exterior ou transferências, o teto é de € 5.000 mensais. Quem viajar para fora da ilha não pode levar mais que € 3.000 (R$ 7,74 mil). Apenas o uso de cartões de crédito não sofre restrições.
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