Adeus segue mesmo script de cerimônias da realeza
O adeus a Margaret Thatcher não teve status de funeral de Estado, mas seguiu o script de pompa e patriotismo das grandes cerimônias da realeza britânica.
A Folha acompanhou a cerimônia de dentro da igreja. Homens de terno com colete, mulheres de chapéus exóticos: quem não estava de preto conseguiu entrar na catedral de São Paulo, mas recebeu olhares atravessados.
A 15 minutos do início do culto, os cerca de 2.300 convidados fizeram silêncio absoluto. A banda do lado de fora começava a tocar o hino "God Save the Queen" ("Deus salve a rainha"), senha para a entrada de Elizabeth 2ª.
Joel Ryan/AFP | ||
Multidão observa passagem do caixão de Margaret Thatcher |
A monarca não assistia ao funeral de um dos seus primeiros-ministros desde a morte de Winston Churchill, em 1965. Sua presença, por si só, era suficiente para fazer de ontem um dia histórico para os britânicos.
A rainha foi recebida por um homem de manto vermelho e espada nas mãos. Era Roger Gifford, prefeito da City, o distrito financeiro de Londres. Banqueiro, ele também representava uma elite que a gestão pró-mercado de Thatcher ajudou a coroar.
Os quatro primeiros-ministros vivos ocuparam a primeira fila: dois conservadores, David Cameron e John Major, e dois trabalhistas, Gordon Brown e Tony Blair.
Todos governaram à sombra de comparações com a "dama de ferro"; nenhum deles deve ter um funeral como o de ontem. A rainha se sentou num trono acolchoado ao lado de suas cadeiras de madeira. Chegou e saiu do templo sem cumprimentá-los.
A delegação internacional foi reduzida: reuniu apenas dois chefes de Estado, da Bulgária e da Lituânia, e 11 primeiros-ministros.
A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande devolveram, com suas ausências, o famoso "não" de Thatcher à integração europeia. A embaixadora argentina recusou o convite, em protesto tardio contra a Guerra das Malvinas.
Os presidentes americanos também não compareceram, apesar do empenho de Thatcher para consolidar a chamada relação especial entre os dois países.
A imprensa viu tudo do alto. Cerca de 40 repórteres foram alojados num balcão próximo ao altar.
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