Confronto entre sunitas e polícia chega a 3º dia e mata 19 no Iraque
Pelo menos 19 pessoas morreram, sendo dez policiais e nove militantes sunitas, em confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes na cidade de Mosul, no norte do Iraque. As mortes acontecem em mais um dia de confrontos entre o governo e sunitas, que deixaram mais de 60 mortos.
A região é cenário de protestos contra o primeiro-ministro Nouri al Maliki, que é xiita, desde dezembro. Os sunitas iraquianos afirmam que são discriminados pelo atual governo. Dentre os integrantes da etnia, estão grupos radicais que fazem atentados contra a população xiita e integrantes da administração central.
Segundo autoridades locais, as mortes ocorreram em um ataque de militantes sunitas que tentavam tomar parte da cidade. Os insurgentes chegaram a tomar um quartel do Exército e delegacias de polícia, em protesto contra um ataque à cidade de Kirkuk, que deixou 44 mortos e 155 feridos.
Os agentes dizem que os manifestantes usaram o alto-falante de uma mesquita para convocar militantes a se juntarem para enfrentar as forças de segurança. Além das vítimas, 13 insurgentes foram presos e grande número de armas e munição foi apreendido.
Após a ação, os militares disseram que a polícia e o Exército tinham recuperado o controle sobre a maior parte da área nesta quinta-feira, mas ainda cercavam um quartel da polícia tomado por militantes, que mantinham cinco reféns.
Ainda houve ações e confrontos sectários nas cidades de Kirkuk e Tikrit. Os sunitas também interromperam um oleoduto na Província de Salah ad Din. O premiê Nouri al Maliki disse que não serão toleradas agressões contra Exército e a polícia e disse que todos os grupos étnicos perderão em caso de conflito.
"Se é desatada a discórdia, não teremos ganhadores ou vencedores: todos serão perdedores e que se preparem os que a instalaram, tanto dentro como fora do Iraque, pois vão queimar os dedos".
CONFLITO SECTÁRIO
As regiões sunitas passaram a ter maior número de protestos após rebeliões na Província de Kirkuk, no norte do país, em dezembro. Além de Kirkuk e Mosul, áreas como Anbar, Ninawa, Salah ad Din e Tikrit também se rebelaram contra o governo central.
Os manifestantes sunitas se queixam da discriminação que dizem sofrer por parte do governo central, liderado por al Maliki. A tensão entre xiitas e sunitas aumentou após a ordem de prisão contra o vice-presidente Tariq al Hashemi, em dezembro de 2011.
Desde então, grupos radicais sunitas atacam os xiitas, em especial em períodos como feriados religiosos e campanha eleitoral. Devido ao conflito, o governo iraquiano adiou para 4 de julho as eleições locais nas Províncias de Anbar e Niniveh.
No resto do país, o pleito ocorreu no domingo passado (21), após uma campanha violenta em que cerca de 20 candidatos foram mortos em atentados. Os resultados finais ainda não foram divulgados.
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