Análise: Em um ano, Hollande passou de anti-Merkel a grande decepção
O presidente da França, François Hollande, fez sua estreia na cúpula europeia em maio do ano passado como o anti-Merkel, o primeiro líder europeu de peso a abertamente desafiar as prescrições de austeridade da chanceler alemã como o melhor remédio para curar o euro.
Passado um ano, é difícil encontrar em Bruxelas quem esteja impressionado com Hollande. As relações entre Paris e Berlim estão em baixa. Não tem havido sintonia. Divisões políticas profundas atormentam esse relacionamento central para a UE.
Há alguns dias, um rascunho de documento dos socialistas governistas de Hollande incluiu um ataque brutal a Merkel, denunciando não só as políticas alemãs, mas também a personalidade da chanceler como alguém interessada apenas em suas perspectivas de reeleição e nos lucros da indústria alemã.
Participantes das cúpulas da crise que aconteceram em Bruxelas ao longo do ano passado recordam um Hollande que se recusou a desafiar Merkel de todas as formas, o que frustrou aqueles que viam nele a figura para encabeçar os esforços contra a austeridade.
Hollande encontrou-se na difícil posição de ter de decidir se lideraria um Club Med dos países do Sul contra o Norte conduzido pela Alemanha ou se buscaria uma acomodação com Berlim.
Um ano depois, parece que ele ainda hesita. "Paris até agora não se decidiu realmente onde quer estar com a Alemanha", disse um diplomata sênior da UE.
A oposição de Hollande deixou Merkel ainda mais isolada no continente, mas há pouco indício de que ele tenha conseguido forçar qualquer mudança de direção.
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