Casa Branca diz que delator de espionagem ainda está na Rússia
A Casa Branca afirmou nesta segunda-feira que os Estados Unidos acreditam que Edward Snowden ainda está na Rússia. O técnico foi o responsável por revelar o esquema de monitoramento de dados de usuários de internet e telefonemas pelo governo americano.
O presidente Barack Obama afirmou que os EUA estão seguindo todas as vias legais "adequadas" para deter o ex-analista de inteligência. "O que sabemos é que estamos seguindo todas as vias legais adequadas e trabalhando com vários países para garantir que a lei seja cumprida", disse Obama a jornalistas na Casa Branca.
Segundo o WikiLeaks, Snowden chegou a Moscou na noite de domingo (23), após passar 20 dias em Hong Kong. O fundador da entidade, Julian Assange, afirma que ele está a caminho do Equador e recebeu o documento de saída que permitiu a viagem do governo do país sul-americano.
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O porta-voz do governo americano, Jay Carney, pediu a Moscou que extradite o delator, que foi imputado com três acusações de espionagem e roubo da propriedade federal. "Nós temos uma forte relação de cooperação com a Rússia nas questões da aplicação da lei".
Ele criticou a China e Hong Kong por terem autorizado a liberação de Snowden. Para Carney, a saída do delator foi "um regresso na relação de confiança mútua com a China" e disse que as autoridades locais foram avisadas sobre a ilegalidade da viagem.
"Não aceitamos a versão de que foi uma decisão técnica do Departamento de Imigração de Hong Kong. Essa decisão inquestionavelmente afeta a relação entre China e Estados Unidos".
Mais cedo, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou não saber quais são os planos de viagem do técnico de informática. Ele disse ainda que ficaria "profundamente preocupado" se souber que Pequim e Moscou tinham informações sobre as movimentações do delator.
PARADEIRO
O paradeiro de Snowden é desconhecido. Ele está foragido desde sábado, quando os Estados Unidos pediram sua extradição para que ele fosse processado pelo vazamento das informações da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês). Segundo o WikiLeaks, Snowden saiu no domingo (23) de Hong Kong com destino a Moscou.
Nesta segunda, Julian Assange disse que o delator está a salvo e a caminho do Equador, país para o qual pediu o asilo diplomático. O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, disse que avalia o pedido. A rota não foi divulgada pelo fundador do WikiLeaks nem pelo chanceler.
Mais cedo, a agência de notícias russa Interfax informou que Assange sairia do país em um voo comercial da Aeroflot de Moscou para Havana, em Cuba, de onde partiria para o Equador. No entanto, jornalistas negaram que o delator esteja no voo.
Pouco depois, a agência disse que ele saiu do país, mas com destino ainda desconhecido. O equatoriano Ricardo Patiño se negou a comentar sobre o paradeiro de Snowden. No domingo (23), o WikiLeaks afirmou que ele deveria ir para a capital cubana para continuar a tramitação do asilo.
RÚSSIA
Embora a imprensa russa e o WikiLeaks tenham informado sobre a presença de Snowden em Moscou, o Kremlin mantém o silêncio. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, se recusou a comentar os pedidos do governo americano à Rússia para a extradição do informante.
Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
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