Governo interino do Egito indica novo procurador-geral
O governo interino do Egito indicou nesta quarta-feira o novo procurador-geral do país, após dias de indecisão sobre quem seria o responsável por conduzir as denúncias processuais contra o grupo político do presidente deposto Mohamed Mursi.
Hisham Barakat assume no lugar de Abdel Meguid Mahmoud, que foi reintegrado na última quarta (3) após decisão judicial e pediu demissão dois dias depois. Ele diz ter deixado o posto para não ter que investigar Mursi, que pediu sua saída em diversas ocasiões.
Barakat foi indicado pelo presidente interino Adly Mansur, que o empossou nesta quarta. Ele era presidente do gabinete técnico do chefe do Tribunal de Apelação do Cairo e anteriormente tinha desempenhado um posto similar no Tribunal de Apelação da Província de Ismailiya, na região do canal de Suez.
Ele será o responsável por conduzir os processos abertos pelos militares contra o mandatário retirado e a Irmandade Muçulmana. Desde o golpe que retirou Mursi, foram emitidos mais de 300 mandados de prisão contra membros da entidade, incluindo líderes políticos.
O presidente deposto foi acusado pela Promotoria de "insulto ao Poder Judiciário". A acusação foi baseada em um discurso de 26 de junho, em que Mursi chama os juízes de resquício do regime de Hosni Mubarak e os acusa de terem a intenção de destruir a democracia no Egito.
Já os membros da Irmandade Muçulmana são acusados de incitar a morte de oito manifestantes liberais durante a invasão à sede da Irmandade Muçulmana, no Cairo, em 30 de junho, e a violência nos protestos da última segunda-feira. Juntas, as duas ações terminaram com 63 mortos e mais de 400 feridos.
PROCURADORES
O nome de Barakat é definido após o imbróglio entre Mursi e Abdel Meguid Mahmoud, a quem acusou de ser aliado do regime de Hosni Mubarak. Por um decreto, o presidente tirou Mahmoud em novembro e indicou Talaat Ibrahim para o cargo.
A medida, junto com outras que aumentaram seus poderes, originou uma onda de protestos e distúrbios no Egito, onde a oposição e parte dos juízes rejeitaram a blindagem dos poderes do presidente e a destituição de Mahmoud, que era procurador-geral desde 2006.
Mohamed Mursi foi deposto na última quarta (3), após pouco mais de um ano de mandato, por um golpe de Estado com a ajuda dos militares.
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