EUA pagaram £ 100 mi a órgão de espionagem britânico, diz jornal
Documentos revelados nesta quinta-feira (1º) em reportagem do jornal britânico "Guardian" mostram que o governo dos EUA pagou ao menos £ 100 milhões (cerca de R$ 348 milhões) nos últimos três anos para o órgão de inteligência do Reino Unido GCHQ para "garantir acesso e influência" nos programas de espionagem britânicos.
Vazados pelo ex-agente Edward Snowden, os papéis especificam pagamentos secretos da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) à sua equivalente britânica.
As transações, segundo o jornal, "deixam claro" que os EUA esperavam retorno no investimento e que a GCHQ trabalhava duro para cumprir a demanda.
Também hoje, o ex-agente da NSA recebeu asilo temporário por um ano e pôde entrar na Rússia. Ele estava há 39 dias morando em um hotel na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.
A reportagem ressalta que o financiamento demonstra a "estreita relação" entre os dois órgãos e especula sobre novos temores quanto à influência de Washington sobre "a maior e mais importante agência do Reino Unido", e da possibilidade da dependência dos americanos ter se tornado muito grande.
Segundo o "Guardian", Snowden já havia alertado sobre a relação entre a NSA e a GCHQ, e que as organizações têm cooperado para desenvolver técnicas que permitem rastreamento e análise de massa em dados da internet.
PAGAMENTOS
Os detalhes dos pagamentos da NSA e da influência dos EUA sobre o Reino Unido estão em "portfólios anuais" da GCHQ, diz o jornal.
Os documentos apontam que a NSA pagou £ 22,9 milhões à GCHQ em 2009. No ano seguinte, o valor subiu para £ 39,9 milhões --dos quais £ 4 milhões foram empregados em trabalhos da inteligência com as forças da OTAN no Afeganistão.
Outros £ 17,2 milhões foram usados para o desenvolvimento de um projeto principal relacionado à internet, que coleta e armazena grandes quantidades de informações brutas, prontas para análise.
A NSA também pagou £ 15,5 milhões para concluir a reforma da outra sede do GCQH, em Bude, no norte da Cornualha, onde foram interceptadas comunicações procedentes de cabos transatlânticos, que contêm tráfego de dados pela internet.
Ewen MacAskill/Reuters | ||
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