Senador boliviano que faz oposição a Morales veio para o Brasil
O senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava há quase 15 meses na embaixada brasileira em La Paz, chegou neste sábado a Corumbá (Mato Grosso do Sul).
A informação foi confirmada à Folha por seu advogado, Luís Vasquez. O Itamaraty disse que não comentaria a informação.
Gaston Brito 16.abr.2010/Reuters |
O senador de oposição Roger Pinto, em foto de 2010, que estava asilado na embaixada brasileira de La Paz |
O parlamentar recebeu asilo do Brasil em junho do ano passado com o argumento de que é perseguido pelo governo Evo Morales --alegava sofrer ameaças de morte.
Mas ele não podia deixar a embaixada por falta de salvo-conduto da Bolívia --permissão necessária para que o asilado deixe o país em segurança.
Vasquez diz que foi informado sobre a saída do parlamentar do local quando Molina já estava no Brasil.
Segundo ele, a estratégia para a viagem do boliviano foi traçada por funcionários da embaixada brasileira --o governo boliviano não teria concedido o salvo-conduto.
Ele teria viajado em um carro da embaixada.
O advogado afirma que o parlamentar ainda não decidiu onde vai morar.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado, disse que, até amanhã, Molina deverá ir a Brasília.
À família, Molina não informou nem em que cidade estava. "Por segurança dele e da família, ele apenas nos disse que estava bem, que havia chegado ao Brasil, e que nós não nos preocupássemos", disse à Folha Denise Pinto, filha do boliviano.
Em junho, Molina recebeu sentença de um ano de prisão após ser acusado de causar danos econômicos ao Estado.
Segundo a acusação, enquanto era diretor da Zona Franca de Cobija, em 2000, Pinto teria desviado cerca de R$ 3,5 milhões para a Universidade Amazônica de Pando.
O senador nega que tenha havido desvio e defende que o dinheiro foi aplicado na universidade.
Foi a primeira sentença contra o oposicionista, que enfrenta mais de 20 processos no país.
O parlamentar e seu partido, o Convergência Nacional, argumentavam que os processos eram arranjados e que ele não tinha acesso a um julgamento imparcial.
Em junho, o advogado dele no Brasil, Fernando Tibúrcio, protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus extraterritorial --classificado no documento como o primeiro caso na Justiça do país.
Uma das possibilidades era que o STF determinasse a concessão de um carro diplomático para Molina deixar a Bolívia.
Colaborou FILIPE COUTINHO, de Brasília
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