China apoia proposta da Rússia sobre armas químicas na Síria
A China apoiou nesta terça-feira a proposta russa para que o suposto arsenal de armas químicas da Síria fique sob controle internacional e pediu que a comunidade mundial também responda de forma "positiva" à sugestão de Moscou.
"A China dá as boas-vindas e apoia a proposta da Rússia. Esta iniciativa levará a uma diminuição das tensões, a resolução da situação de forma política e vai garantir a estabilidade da Síria e da região", afirmou hoje o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, em entrevista coletiva.
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O governo chinês acredita que a comunidade internacional deveria "receber positivamente" a iniciativa russa.
Hong anunciou a chegada hoje à China de uma delegação de seis pessoas da oposição síria, para uma visita de vários dias durante a qual se reunirão com funcionários do país.
A China, lembrou o porta-voz, considera que "um acordo político é a única solução possível" para o conflito sírio e se opõe às ameaças do uso da força por parte de qualquer país.
A Coalizão Nacional Síria (CNFROS), a principal aliança opositora, qualificou a proposta russa de "camuflagem política" para evitar um possível ataque americano em território sírio e advertiu que a mesma causará mais morte e destruição.
Por outro lado, em uma mudança de tom em relação às declarações anteriores sobre o conflito sírio, o presidente americano, Barack Obama, considerou a proposta russa como um passo "positivo" para se evitar uma intervenção militar no país do Oriente Médio, mas enfatizou que é preciso confirmar que a proposta é séria e não apenas uma "manobra dilatória".
Nas últimas semanas, Obama e membros de seu governo exigiram que medidas fossem tomadas contra o regime da Síria pelo suposto uso de armas químicas em um ataque contra a população civil nos arredores de Damasco no dia 21 de agosto e que, segundo os EUA, causou mais de 1,4 mil mortos.
O governo americano assegurou que tem provas "convincentes" desse ataque, mas não as divulgou publicamente.
FRANÇA
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse nesta terça-feira que recebeu "com interesse e prudência" a proposta russa, mas se o ditador sírio, Bashar al-Assad, não aceitá-la, continuará sendo necessária uma "reação".
"Com interesse porque é a primeira vez que se dá esta abertura, e prudência porque se trata de todas as formas de uma virada russa", disse Fabius em entrevista à emissora "Europe 1".
A evolução da postura russa, que pediu ontem que o governo sírio cooperasse com a comunidade internacional no controle de armas químicas e em sua total destruição, se deve à existência de uma coalizão e à firmeza mostrada em relação ao assunto, segundo o ministro.
Essa firmeza, disse Fabius, gerou frutos, e fez com que os russos tenham se dado conta de que as provas referentes ao massacre químico do dia 21 de agosto "são cada vez mais arrasadoras".
O chefe da diplomacia francesa manteve que seu país defendeu, desde o começo da crise, os princípios da ação e da dissuasão, e ressaltou que se o regime de Damasco não aceitar essa proposta de dissuasão, "será preciso uma reação".
Fabius acrescentou que a França estará presente nas discussões entre Estados Unidos e Rússia, e se mostrou confiante na futura saída de Assad da Presidência, porque "é difícil crer que alguém responsável por 110 mil mortes possa se manter indefinidamente no poder".
MANOBRA POLÍTICA
A oposição síria chamou de de "manobra política" a proposta da Rússia de colocar sob controle internacional o arsenal químico de Damasco para evitar ataques ocidentais, e exigiu mais uma vez uma "resposta" contra o regime de Bashar al-Assad.
"O último pedido de (o chefe da diplomacia russa Serguei) Lavrov é uma manobra política que faz parte dos adiamentos inúteis e que só provocarão mais mortes e destruição para o povo sírio", afirma um comunicado da Coalizão da Oposição Síria.
Segundo a Coalizão, "a violação da lei internacional requer uma resposta internacional adequada", o que pode ser interpretado como um pedido indireto ao governo de Obama para que não abandone o projeto de ataque contra o regime sírio.
"Os autores dos crimes de guerra não podem ser desculpados e os crimes contra a humanidade não podem ser apagados com concessões políticas ou entregando o instrumento com o qual os crimes foram cometidos", completa o comunicado da oposição síria a respeito das armas químicas.
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