Após quatro dias, termina ataque terrorista a shopping no Quênia
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, anunciou nesta terça-feira o fim do ataque ao shopping Westgate, na capital Nairóbi, feito pelo grupo radical somali Al Shabaab. O ataque, que começou no sábado (21), causou a morte de 61 civis e seis membros das forças de segurança.
A ação terrorista de quatro dias foi a mais grave no Quênia desde o atentado à embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi, em 1998, que deixou mais de 200 mortos. O mandatário decretou luto oficial de três dias em homenagem às vítimas.
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Em pronunciamento na televisão local, Kenyatta confirmou o número de mortos e o fim da ação, após dois dias de ofensiva das tropas quenianas. Cinco terroristas foram mortos e 11 ficaram feridos. Ele não confirmou as identidades, o sexo ou as nacionalidades dos militantes islâmicos.
Porém, disse que os serviços de inteligência têm informações de que há três americanos e um britânico no grupo. Há a suspeita que a britânica seria Samantha Lewthwaite, viúva de Germaine Lindsay, um dos suicidas que participaram dos atentados ao transporte público de Londres, em 7 de julho de 2005.
Já os cidadãos americanos seriam homens jovens, entre 18 e 19 anos, que morariam no Estado de Minnesota, que concentra a maior colônia somali do mundo. Na segunda (23), a Casa Branca afirmou que verificava relações entre os militantes do Al Shabaab e a comunidade somali em território americano.
Ele mostrou consternação em relação às mortes, mas comemorou o fim do ataque e agradeceu às forças de segurança. "Nós nos ferimos muito e sentimos um grande sofrimento e perdas, mas temos que ser bravos, unidos e fortes. Nós envergonhamos e derrotamos nossos agressores. Essa parte da tarefa está concluída."
Em relação à operação de retirada, que terminou no início da noite em Nairóbi (final da manhã em Brasília), o presidente afirmou que três andares foram destruídos por explosões e que três corpos ainda estão presos nos escombros.
CERCO
A operação de retirada termina após intensas trocas de tiros, explosões e quatro dias de tensão na região do shopping, com relatos conflitantes. Nesta terça, o Exército disse que havia controlado todos os prédios e que faltavam encontrar dois terroristas.
No entanto, o Al Shabaab afirmou que ainda mantinham reféns vivos e que havia um "número incalculável" de cadáveres que ainda estavam no edifício. Durante a manhã, parte do teto do centro comercial, que passou por um incêndio na segunda (23), desabou.
O grupo radical islâmico afirma que o ataque ao shopping é uma represália à presença de tropas quenianas na Somália, que tentam debelar a guerra civil que afeta o país há 20 anos. O representante especial da ONU para o país, Nicholas Kay, pediu que a comunidade internacional intensifique sua presença no conflito somali.
Para ele, a ação do Al Shabaab não foi uma surpresa e mostra a necessidade de encarar o grupo radical como uma ameaça internacional. Ele ainda pediu apoio logístico e militar em auxílio às tropas da União Africana, como o envio de tanques e helicópteros, para controlar a região.
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