Análise: acordo nuclear é vitória para Teerã
O acordo nuclear preliminar firmado nesta madrugada entre o Irã e as maiores potências globais representa uma importante vitória para Teerã, apesar das severas restrições às suas atividades atômicas.
A conquista mais clara é a garantia da preservação do enriquecimento de urânio, que havia sido formalmente exigida em resoluções da ONU. O governo iraniano deixou claro que só negociaria se o processo fosse mantido. As potências aceitaram.
Teerã também conseguiu manter intacta a estrutura de seu programa nuclear. Centrífugas serão desligadas e a construção do reator de Arak foi interrompida, mas o acordo não faz menção alguma a desmantelamento de instalações. Isso significa que o Irã continuará, em tese, tecnicamente habilitado a operar, em seu próprio território, todas as fases do ciclo nuclear, da extração de urânio até o enriquecimento do material em altos níveis de pureza.
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Além disso, o estoque de urânio enriquecido a 20%, nível que permite saltar com facilidade para os 90% necessários à fabricação da bomba, será diluído em solo iraniano, e não despachado para o exterior, como cogitado.
Negociadores iranianos não conseguiram, contudo, arrancar das potências um compromisso por escrito reconhecendo o direito de Teerã enriquecer urânio para fins pacíficos.
O Irã havia alegado que o artigo 4 do Tratado de Não Proliferação Nuclear, do qual é signatário, garante a todos os membros o "direito inalienável de desenvolver, produzir e usar energia nuclear para fins pacíficos sem discriminação" desde que se submeta a inspeções da AIEA, a agência nuclear da ONU. Mas prevaleceu a visão das potências de que o TNP não menciona especificamente a questão do enriquecimento de urânio.
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