Ex-primeira-ministra faz greve de fome pelo acordo entre Ucrânia e UE
O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, tentou acalmar os protestos pró-Europa dizendo nesta segunda-feira que a decisão de suspender os preparativos para um acordo comercial com a União Europeia tinha sido difícil.
O presidente também prometeu trazer "padrões europeus" para o país.
Enquanto Yanukovich fazia seu discurso na TV, ex-primeira-ministra oposicionista Yulia Tymoshenko, que foi presa em 2011 depois de um julgamento que os governos ocidentais consideraram motivado politicamente, declarou uma "greve de fome ilimitada" para forçá-lo a assinar o acordo.
Timoshenko, que está cumprindo uma pena de sete anos de prisão por abuso de poder, pediu aos manifestantes para que continuem com os protestos.
A União Europeia (UE) expressou nesta segunda-feira o seu "mal-estar" com a Rússia devido a supostas pressões do país sobre a Ucrânia para que não assine um acordo de associação com o bloco.
A UE instou ainda o governo ucraniano a pensar "além do curto prazo".
Como cerca de quatro mil manifestantes protestaram contra a medida do governo na última quinta-feira (21), Yanukovich disse em um discurso na televisão que a decisão tinha sido forçada pela necessidade econômica.
"Hoje eu gostaria de sublinhar o seguinte: não há alternativa para a criação de uma sociedade de normas europeias na Ucrânia e minhas políticas sobre esse assunto sempre foram, e continuarão sendo, consistentes", disse ele.
Poucos minutos depois de seu discurso, novos confrontos eclodiram envolvendo polícia e manifestantes na Praça Europeia, em Kiev, que fica próxima à sede do governo e onde manifestantes montaram uma pequena barraca de acampamento.
As forças especiais usaram cassetetes e gás lacrimogêneo contra um pequeno grupo de manifestantes, enquanto outros manifestantes ouviram palestrantes denunciando a política do governo e pedindo uma maior integração com o mainstream europeu. Os confrontos terminaram depois de alguns minutos e as forças especiais se retiraram.
O governo de Yanukovich assustou os líderes europeus na quinta-feira ao anunciar que estava suspendendo os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a UE, que seria assinado na próxima semana, em Vilnius, capital da Lituânia, e que retomaria as conversações com a Rússia, que se opôs ao acordo.
O anúncio do governo desencadeou manifestações pró-Europa nas ruas da capital Kiev e confrontos isolados com a polícia.
A oposição acusa Yanukovych de ceder à pressão da Rússia, empurrando Kiev a se juntar a sua união alfandegária com outros países da ex-URSS.
GREVE DE FOME
"Começo uma greve de fome por tempo ilimitado para exigir de (presidente Viktor) Ianukovitch que assine o acordo de associação com a UE", declarou Timochenko em uma carta lida por seu advogado, Serguei Vlassenko, diante de cerca de mil manifestantes pró-europeus reunidos no centro de Kiev.
Antes da assinatura esperada em Vilnius, os enviados da UE negociaram sem sucesso a libertação de Tymoshenko, vendo-a como uma vítima da "justiça seletiva" no país.
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