Oposicionista pede a Dilma posição sobre a Venezuela
Em carta à presidente Dilma Rousseff, o prefeito metropolitano de Caracas, o oposicionista Antonio Ledezma, cobrou uma posição do Brasil sobre a atuação do presidente Nicolás Maduro durante as recentes manifestações na Venezuela, que deixaram 17 mortos e 216 feridos.
Leia a íntegra da carta enviada a Dilma Rousseff
"Enviei uma comunicação à presidente do Brasil na qual recordo que ela foi prisioneira de um governo militarista e peço que não deixe de dar sua opinião sobre a situação de repressão na Venezuela", disse Ledezma em entrevista por telefone à Folha.
Na carta, o oposicionista menciona o depoimento que deu ao Senado brasileiro em 2009, semanas antes da votação que aprovaria a entrada da Venezuela no Mercosul. Na ocasião, Ledezma apoiou o ingresso desde que Caracas respeitasse a cláusula democrática do bloco.
"É por isso que me dirijo muito respeitosamente à senhora para solicitar que seu governo, apegado à democracia e aos direitos humanos, se pronuncie (...) para condenar essas práticas de violação ao pluralismo", escreveu.
A carta foi entregue na Embaixada do Brasil em Caracas na quarta, mas não havia chegado ao Planalto até ontem.
Ledezma, 58, é um dos oposicionistas mais experientes. Na crise atual, tentou mediar a divisão na oposição.
O racha está entre os radicais, liderados por Leopoldo López, preso desde o último dia 18 e que prega manifestações de rua para pressionar Maduro a renunciar, e o ex-candidato Henrique Capriles, que defende a via eleitoral.
À Folha, Ledezma disse que não apoia manifestações para derrubar Maduro, mas para que seu governo "retifique" problemas econômicos e os altos índices de violência e respeite a oposição.
Apesar de ser prefeito metropolitano, Ledezma praticamente não tem atribuições.
Após a eleição do oposicionista, em 2008, o então presidente, Hugo Chávez, esvaziou seu governo distrital, retirando de sua gestão escolas, bombeiros e até o Palácio de Governo. "Perdi 99% do repasse orçamentário constitucional", disse Ledezma, que chama a manobra de "golpe de Estado".
UNASUL
Após encontro com o colega brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, afirmou ontem em Brasília que teve "boa receptividade" para a proposta de reunir a Unasul (União dos Estados Sul-Americanos) para analisar a crise.
Mas o Itamaraty emitiu uma nota protocolar, sem dar apoio à cúpula.
Colaborou AGUIRRE TALENTO, de Brasília
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