Familiares de vítimas de naufrágio na Coreia agridem autoridade da guarda costeira
Familiares das vítimas do naufrágio de uma balsa na Coreia do Sul agrediram um alto funcionário da Guarda Costeira, que foi acusado de mentir sobre os trabalhos de resgate dos corpos que permanecem presos na embarcação.
As famílias acusam Choi Sang-Hwan, vice-diretor da Guarda Costeira, de ter exagerado a magnitude dos trabalhos de resgate em suas descrições, pois consideram que a realidade era diferente, depois que foram de barco até o local da catástrofe.
Muitos parentes das vítimas acreditam que algumas pessoas conseguiram sobreviver em bolsões de ar, mas morreram afogadas pela demora no auxílio. Por esse motivo, solicitaram necropsias, com o objetivo de determinar o motivo e o horário exato da morte de seus parentes.
Kim Doo-Ho/AFP | ||
Pessoas rezam entre as homenagens no portão principal da escola Danwon |
Mais de 300 pessoas, a maioria alunos e professores numa excursão de uma escola, morreram ou estão desaparecidas por causa do naufrágio. Há 171 mortos já confirmados.
Das 476 pessoas a bordo da Sewol, 174 conseguiram escapar do naufrágio.
A balsa Sewol começou a se inclinar na manhã da quarta-feira (16), supostamente por uma curva brusca que levou ao deslocamento da carga, e em pouco mais de uma hora já estava completamente afundada.
ESCOLA
Na escola Danwon, onde estudavam os alunos mortos no naufrágio, as aulas foram retomadas nesta quinta-feira e houve uma homenagem com flores e fotos das vítimas, uniformizadas.
Abatidos, outros alunos deixavam crisântemos brancos no memorial Ansan Olympic, na mesma rua da escola.
Fitas amarelas com nomes e mensagens para os mortos foram amarradas na entrada do colégio.
Kim Doo-Ho/AFP | ||
Visitantes no memorial Ansan Olympic para as vítimas do naufrágio |
INVESTIGAÇÃO
O capitão da embarcação, Lee Joon-seok, e outros 19 tripulantes foram presos sob suspeita de negligência, e a família proprietária da balsa está sob investigação.
A Procuradoria-Geral da Coreia do Sul acusou nesta quinta-feira de homicídio por negligência e violação das leis marítimas 11 dos 15 membros resgatados da tripulação da balsa.
Os procuradores acham que os tripulantes não fizeram qualquer operação de salvamento: se protegeram na cabine enquanto esperavam para ser resgatados pela Guarda Costeira, informou a emissora sul-coreana "Arirang".
As acusações aos membros da tripulação podem levar a no mínimo três anos de prisão.
O capitão, que permanece detido pelo mesmo motivo, é acusado pelas autoridades de "assassinato por omissão" por supostamente não evacuar o barco, deixando a maioria dos passageiros presa.
A investigação revelou que sete membros da tripulação foram os primeiros a chegar à costa em um bote salva-vidas.
Além disso, promotores anunciaram ações de busca na Associação Coreana da Navegação e no Registro Coreano da Navegação. Segundo a agência de notícias Yonhap, a intenção é averiguar se os certificados de segurança da balsa estavam em dia.
"O objetivo era investigar más práticas e corrupção em toda a indústria naval", disse o promotor Song In-taek, na cidade de Incheon, de onde a balsa partiu com destino à turística ilha de Jeju.
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