Gays e legalização de drogas são tabus para candidatos na Colômbia
Olhos arregalados, demora para responder, palavras calculadas, muita cautela. Assim ficam os candidatos à eleição colombiana, que acontece neste domingo (24), quando têm de responder à pergunta: "Você é contra ou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo?"
O debate da quinta-feira (22) deu mostras de como o assunto é incômodo para os presidenciáveis. Diferentemente dos países do Cone Sul, na Colômbia essa discussão está muito atrasada.
Não há leis que regulem o matrimônio gay, apesar de casais homossexuais que queiram fazer contrato de união civil podem consegui-lo, ainda que com dificuldades.
Mauricio Dueñas Castañeda/Efe | ||
Opositor Óscar Iván Zuluaga (à esq.) e o presidente Juan Manuel Santos participam de debate |
Os candidatos mais à direita titubearam antes de dizer que são contra. Marta Lucía Ramírez tentou falar com firmeza, mas hesitou: "as crianças têm direito de ter papai e mamãe". Também apadrinhado por Álvaro Uribe, Óscar Iván Zuluaga respondeu que "não". "As famílias têm de ser constituídas através do casamento de um homem com uma mulher". Os dois também se posicionam contra a adoção por parte de casais gays já casados.
Já o presidente Juan Manuel Santos, também conservador, porém ex-uribista, respondeu apenas: "os casais gays devem ter os mesmos direitos dos casais heterossexuais". Mas não fez menção ao fato de não ter havido avanços nessa política, durante a sua gestão.
"Estamos tão, mas tão atrás de vocês do Cone Sul nessa questão", disse à Folha o estudante Lucio, 19, na sexta-feira (23). Ele afirmou que, na faculdade em que estuda,gays sofrem preconceito de professores e alunos. "Queria morar no Uruguai", disse, rindo.
O primeiro casal a regularizar sua situação foi Carlos Rivera e Gonzalo Ruiz, em 2013. "Foi sofrido. A cerimônia demorou quatro horas e não sabíamos o que ia acontecer. A juíza discutia o tempo todo com o representante da Procuradoria", diz Rivera.
Já a legalização das drogas, tema sensível num país cindido pela guerra contra o narcotráfico, é ainda mais tabu. Dos presidenciáveis, apenas Peñalosa defendeu recentemente a legalização da maconha e um programa amplo de educação preventiva e de saúde pública.
Santos diz que está aberto a discutir outras abordagens para o problema do tráfico, mas não promoveu nenhum debate em seu governo. Já Zuluaga diz ser completamente contra. "Seria uma irresponsabilidade tremenda."
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