ONU diz que queda de avião civil na Ucrânia pode ser crime de guerra
A derrubada do avião civil da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia pode ser considerada um crime de guerra, afirmou a ONU nesta segunda-feira (28), acrescentando que os combates entre o Exército ucraniano e os rebeldes separatistas pró-russos já deixaram mais de 1.100 mortos desde abril.
"Esta violação da lei internacional, dadas as circunstâncias, pode ser considerada um crime de guerra", declarou a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em um comunicado.
O Boeing-777 foi abatido no último dia 17, com 298 pessoas a bordo.
Pillay pediu uma investigação meticulosa, efetiva, independente e imparcial sobre a queda do avião –provocada por um míssil em uma zona controlada pelos insurgentes, segundo investigações preliminares dos EUA.
Caso o crime de guerra seja comprovado, os responsáveis podem ser julgados pela Corte Penal Internacional (CPI), com sede em Haia.
A Ucrânia acusa os separatistas da região pela tragédia, já que os rebeldes derrubaram pelo menos três aviões militares naquela semana. A Rússia, por outro lado, aponta evidências de que o próprio Exército ucraniano possa ter abatido o avião.
A Cruz Vermelha indicou oficialmente na semana passada que a situação na Ucrânia se caracteriza como uma guerra civil, o que transforma as áreas em conflito passíveis de serem condenadas por crimes de guerra.
A ONU calcula que pelo menos 1.129 pessoas morreram nos combates na região desde meados de abril, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira, e denuncia que os dois lados utilizaram armamento pesado em zonas residenciais. O texto também fala de 3.422 feridos.
Estes últimos dados supõem um aumento considerável em relação ao balanço de 18 de julho, no qual a ONU citou 256 mortos desde abril.
Pillay afirmou ainda que as informações da intensificação dos combates nos redutos dos insurgentes, nas regiões de Donetsk e Lugansk, são "extremadamente alarmantes" e disse que as duas partes "empregam armamento pesado em zonas residenciais, incluindo artilharia, tanques, foguetes e mísseis".
As regiões de Donetsk e Lugansk se proclamaram independentes da Ucrânia em abril e, desde então, as forças separatistas e o Exército travam combates na região. Os países ocidentais e a Ucrânia acusam a Rússia de fornecer suporte aos rebeldes, após ter anexado a península da Crimeia depois da queda do presidente pró-russo Viktor Yanukovich, que foi substituído por um governo pró-ocidente.
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