EUA não descartam tropas contra Estado Islâmico
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas, general Martin Dempsey, admitiu nesta terça-feira (16), em audiência no Senado, que não está descartado o envio de militares dos EUA para lutar ao lado dos iraquianos contra a milícia radical Estado Islâmico (EI).
Foi a primeira vez que um alto funcionário do governo disse, publicamente, considerar o uso de forças terrestres –o que vinha sendo rechaçado pelo presidente Barack Obama em todas as suas declarações até agora.
"Minha opinião agora é que a coalizão é o caminho mais apropriado", disse. "Mas se isso não se confirmar e se houver ameaça aos EUA, então eu certamente vou voltar a falar com o presidente e fazer recomendações que podem incluir o uso de forças americanas terrestres."
Segundo Dempsey, a ofensiva aérea pode não ser a solução em casos onde a meta é atacar os radicais de áreas urbanas, como Mossul. Nessas situações, um bombardeio colocaria civis em risco.
Nestas condições, o general poderia indicar "orientações de combate", em que americanos lutariam ao lado dos iraquianos.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que Dempsey "se referia a um cenário hipotético" e que a decisão de Obama sobre não enviar tropas permanece.
Até agora, a ofensiva dos EUA inclui apenas ataques aéreos contra focos do EI no Iraque. Na semana passada, Obama anunciou que poderá atacar em território sírio.
A decisão de enviar militares representaria um problema para o democrata, que sempre foi crítico da guerra do Iraque e retirou as tropas do país em dezembro de 2011.
Uma pesquisa Wall Street Journal/NBC mostra que apenas 34% dos americanos apoiam o deslocamento de soldados para o confronto.
Desde junho, o presidente determinou o envio de 1.600 militares para o Iraque, com função de reforçar a segurança dos cidadãos americanos no país. O último grupo, de 475 soldados, contudo, ajudará as tropas locais com treinamento e equipamentos.
Segundo o secretário de Defesa, Chuck Hagel, da coalizão formada pelos EUA com mais de 40 países, 30 já teriam concordado em dar "suporte militar" na ofensiva contra o EI.
Nesta quarta-feira (17), a Câmara deve votar o pedido de Obama para autorizar o governo a treinar e equipar 5 mil rebeldes sírios contra a facção radical.
Os republicanos querem incluir a autorização como uma emenda da lei de gastos que manterá o governo funcionando até o meio do mês de dezembro.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CAÇA DERRUBADO
Os radicais do EI derrubaram um caça do Exército sírio nesta terça (16) na cidade de Raqqa, no nordeste do país, principal local dominado pelo Estado Islâmico.
"Foi a primeira aeronave derrubada desde o início dos ataques do regime sírio contra eles", diz a nota do Observatório Sírio de Direitos Humanos, com base em Londres. A milícia confirmou a queda do avião por meio de mensagens no Twitter.
O avião caiu sobre uma casa, e teria matado oito pessoas, segundo fonte citada pelo "New York Times".
Nesta terça, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que preside a comissão de investigação da ONU para a Síria, denunciou que o EI tem doutrinado crianças no país e os obrigado a atuar como soldados, presenciando, inclusive, execuções.
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