China condena defensor de minoria muçulmana à prisão perpétua
Uma corte chinesa condenou nesta terça-feira (23) à prisão perpétua um dos mais proeminentes defensores dos direito do povo muçulmano uigur no país, em uma sentença que, segundo defensores de direitos humanos, deu um claro sinal de que o governo está determinado a reprimir dissidências.
O Tribunal Popular de Urumqi, capital de Xinjiang, considerou o intelectual culpado de liderar um grupo separatista de oito pessoas.
O professor de economia Ilham Tohti, 44, foi julgado por dois dias na semana passada sob acusações de separatismo na região ocidental de Xinjiang.
Sua prisão provocou protestos no Ocidente e entre grupos internacionais de direitos humanos.
"Eu sou inocente, eu protesto", gritou Tohti para a corte antes de o juiz ordenar que policiais o levassem de lá, segundo o advogado dele, Li Fangping.
A mulher de Tohti, Guzaili Nu'er, que o viu pela primeira em oito meses durante o julgamento da semana passada, gritou no tribunal quando o veredicto foi anunciado, segundo Li.
Tohti, que é uigur, é o mais recente intelectual moderado a ser condenado pelo governo do presidente chinês, Xi Jinping.
A corte também ordenou o confisco de todos os seus bens.
"Isso é totalmente inaceitável", disse Li. "Ele vai apelar. Baseado no texto do veredicto, este caso é extremamente politizado."
Tohti foi detido em janeiro, depois de ter criticado a resposta do governo a um atentado suicida na praça da Paz Celestial de Pequim, atribuído pelas autoridades chinesas aos separatistas de Xinjiang.
MINORIA MUÇULMANA
Xinjiang, uma região do oeste do país de maioria muçulmana, é crítica à tutela de Pequim.
Quase 10 milhões de membros da minoria uigur vivem na região, cenário de uma série de atentados contra civis e confrontos.
O último incidente aconteceu neste final de semana, quando duas pessoas morreram e várias ficaram feridas em várias explosões em Xinjiang.
Pequim atribui qualquer incidente violento a grupos terroristas uigures que, segundo o governo, buscam a independência de Xinjiang.
Por sua parte, a comunidade uigur denuncia sofrer graves desigualdades sociais na região, que levam, em sua opinião, a vários enfrentamentos com as autoridades chinesas.
APOIO
A União Europeia (UE) considerou "totalmente injustificável" a condenação e pediu a "libertação imediata e sem condições" de Ilham Tohti.
O governo dos Estados Unidos, a UE e vários grupos de defesa dos direitos humanos haviam solicitado, em vão, a libertação do intelectual.
A sentença também já foi criticada por organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), que a considerou "desmesurada".
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