Manifestantes atacam assembleia em ato contra desaparecimento no México
Cerca de 800 estudantes e professores invadiram nesta quarta-feira (12) o terreno do Congresso do Estado de Guerrero, em Chilpancingo, no México, em protesto contra o desaparecimento de 43 alunos da escola normal rural de Ayotzinapa.
Na ação, os manifestantes queimaram cinco carros estacionados ao lado do prédio. As chamas do incêndio invadiram uma sala e parte do plenário, que tiveram móveis e uma janela queimados. O fogo foi apagado pelos funcionários da assembleia.
Pedro Pardo/AFP | ||
Funcionários tentam apagar o fogo no plenário do Congresso de Guerrero, no México, após protesto |
O incêndio ocorreu durante mais um ato na cidade convocado pela Coordenação Nacional de Trabalhadores da Educação em Guerrero (Ceteg), entidade que organiza atos desde o desaparecimento dos estudantes, em 26 de setembro.
Esta é a terceira vez que o Legislativo estadual é atingido por manifestantes. Além dos carros, uma biblioteca e um tribunal de arbitragem foram incendiados. Eles também passaram pelos prédios da Controladoria e da Secretaria de Educação.
A mobilização acontecia enquanto estudantes de Ayotzinapa bloqueavam a estrada entre Chilpancingo e Tlapa, perto da escola normal rural, e normalistas do Estado vizinho de Oaxaca tomaram o pedágio que dá acesso à cidade homônima.
Os estudantes também bloquearam a saída dos ônibus urbanos da cidade. Em Morelia, capital de Michoacán, manifestantes controlam o acesso ao aeroporto da cidade, permitindo o acesso dos passageiros com intervalos de 25 a 30 minutos.
Os protestos ainda foram feitos por mexicanos que foram ao amistoso internacional contra a Holanda em Amsterdã.
O CASO
Os 43 estudantes da escola normal rural de Ayotzinapa desapareceram em uma emboscada feita por policiais e traficantes na saída da cidade de Iguala, após fazerem uma atividade de arrecadação de fundos em 26 de setembro.
Os agentes e os criminosos alvejaram os dois ônibus onde estavam os estudantes. Na ação, seis pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas. Minutos depois, os 43 alunos sumiram.
A Promotoria acredita que o ataque foi encomendado pelo então prefeito de Iguala, José Luis Abarca, que teria chamado membros do cartel Guerreros Unidos para se unir à polícia e evitar que os estudantes chegassem a um evento em que lançaria sua mulher, María de los Ángeles, a sua sucessão.
Nesta quarta, a Justiça negou um habeas corpus para a primeira-dama da cidade, que está em prisão preventiva há 40 dias. Ela e o marido foram presos no último dia 4, após ficarem foragidos por mais de um mês.
Já a Procuradoria-Geral enviou para a Áustria restos mortais que foram encontrados no lixão de Cocula, local onde três suspeitos de envolvimento no desaparecimento dizem ter incendiado os cadáveres dos alunos.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis