Ataque mata 10 em hotel de luxo na Líbia; EI reivindica autoria
Ao menos dez pessoas foram mortas e outras cinco ficaram feridas devido a um atentado terrorista na manhã desta terça-feira (27) em um hotel de luxo em Trípoli, capital da Líbia.
O porta-voz do Escritório de Operações de Segurança do país, Isam al-Naas, informou que os mortos são três membros da segurança do hotel Corinthia, dois outros cidadãos líbios e cinco estrangeiros –um americano, um francês e três outros cujas nacionalidades eram incertas ainda.
Segundo Naas, os dois terroristas que realizaram o ataque foram cercados pelas forças de segurança líbias no 24º andar do edifício. Eles morreram com a explosão de uma granada atirada pelos policiais.
O hotel Corinthia é um dos poucos que ainda está em funcionamento na cidade.
Mahmud Turkia/AFP | ||
Policiais líbios cercam o Hotel Corinthia após atentado, em Trípoli |
Os homens armados haviam entrado atirando no local após terem explodido um carro-bomba em frente ao estabelecimento, o que causou a morte dos três seguranças.
O Site, centro americano de vigilância de sites islâmicos, informou que um braço da milícia radical Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque por meio do Twitter.
VINGANÇA
A ação terrorista, ainda de acordo com o Site, foi uma vingança à morte, no início deste ano, em um hospital de Nova York, de Abu Anas al-Libi, jihadista líbio envolvido com os ataques simultâneos feitos em 1998 contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia.
O hotel Corinthia, fortemente vigiado, é a residência de Omar al-Hasi, líder do chamado Governo de Salvação da Líbia, uma poderosa coalizão de milícias, principalmente islâmicas, que se estabeleceu em Trípoli após expulsar o governo reconhecido pela comunidade internacional.
Fontes de segurança confirmaram que al-Hasi estava no edifício no momento do ataque, mas que sua vida não correu perigo.
O hotel, que já foi alvo de ataques em 2011 e em 2013, costuma hospedar as poucas missões diplomáticas que ainda permanecem na Líbia, políticos, militares rebeldes e empresários que tentam tirar proveito do caos em que se encontra o país desde a queda de Muammar Gaddafi, em outubro de 2011.
DOIS PAÍSES
As facções que se uniram para derrubá-lo não entraram em acordo, e atualmente o país está dividido em dois, com dois governos paralelos e dois parlamentos.
Em Tobruk, no leste, perto da fronteira com o Egito, fica o governo basicamente laico, que é reconhecido internacionalmente.
A oeste, em Tripoli e Misrata, outrora símbolos da resistência contra Gaddafi, vários grupos disputam o poder, apoiados por milícias islâmicas, ex-generais do Exército de Gaddafi, líderes tribais e comandantes militares ligados ao tráfico de armas, de drogas e de pessoas.
Há algumas semanas, fontes de inteligência dos EUA e da Europa produziram documento em que advertem que células ligadas à facção Estado Islâmico haviam se estabelecido no leste da Líbia.
O objetivo seria receber e treinar jihadistas da Tunísia, da Argélia e de outras áreas do norte da África dispostos a juntar-se ao grupo radical na Síria e no Iraque.
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