Nigéria elege presidente enquanto combate o Boko Haram
A população da Nigéria vota neste sábado (28) na mais disputada eleição do país desde o retorno à democracia, em 1999. O pleito ocorre enquanto o Exército combate o Boko Haram, movimento que tenta estabelecer um califado islâmico no país.
Nesta sexta-feira (27), o Exército afirmou que destruiu o quartel-general da facção na cidade de Gwoza e expulsou os extremistas de todos os três Estados no nordeste do país, que se tornou um reduto da milícia em seus seis anos de insurgência.
Não foi possível confirmar a declaração de vitória um dia antes das eleições cruciais, em que o presidente Goodluck Jonathan, cristão do sul, enfrenta Muhammad Buhari, antigo líder da junta militar que governou o país. A dupla já se enfrentou em 2011.
Editoria de arte/Folhapress |
Eleição na nigériaPaís vive sob violência do grupo radical Boko Haram |
Naquele pleito, ao menos 500 pessoas foram mortas depois que resultados contestados causaram dias de violentos distúrbios no norte.
Para "garantir a segurança" na votação deste sábado, o chefe de polícia da Nigéria, Suleiman Abba, proibiu a circulação de veículos das 8h (4h em Brasília) -quando as seções eleitorais começam a funcionar- às 17h.
Segundo Abba, "a ordem de restrição se aplica a todos os veículos, exceto ambulâncias, carros de bombeiros e outras funções essenciais".
O Ministério do Exterior nigeriano também anunciou o fechamento por três dias das fronteiras marítimas e terrestres do país desde a meia-noite de quarta-feira (25), para "permitir eleições pacíficas".
Na semana passada, Abba se imiscuiu na campanha ao alertar que os eleitores não deveriam ficar nos locais de votação para acompanhar a apuração dos votos. Segundo constitucionalistas, essa ordem não tem base legal.
Críticos dizem que os serviços de segurança estão envolvidos demais no processo, o que inclui as Forças Armadas, que pressionaram por um adiamento de seis semanas da eleição, inicialmente marcada para 14 de fevereiro.
Nesta semana, um tribunal impediu o Exército de guardar os postos de votação -decisão que não se aplica à região nordeste por causa do combate ao Boko Haram. A oposição acionou a Justiça após a forte presença de soldados nas eleições para os governos dos Estados de Ekiti e Osun, no sul, no ano passado.
Informações vazadas para a imprensa acusaram soldados de ter conspirado para manipular os resultados desse pleito. O Exército e o partido da situação rejeitaram confirmar ou negar as alegações.
Se o Exército se posicionar nos locais de votação apesar da ordem judicial, a oposição deve usar o fato para contestar o resultado caso perca, o que pode estimular violência dos partidários de Buhari.
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