Congresso do Peru depõe primeira-ministra e agrava instabilidade política
O Congresso do Peru aprovou nesta segunda-feira (30) a deposição da primeira-ministra Ana Jara após um escândalo de investigação. A situação agrava a instabilidade política enfrentada pelo presidente Ollanta Humala.
A moção de censura foi apresentada por partidos da oposição e foi aprovada por 72 votos a favor, 42 contra e duas abstenções.
A decisão obriga a primeira-ministra a apresentar a sua renúncia ao presidente em até 72h, de forma que Humala tenha que encontrar em substituto a ser aprovado por um Congresso controlado pela oposição.
Ernesto Arias - 3.mar.2015/Efe | ||
Ana Jara(esq.) e Ollanta Humala em reunião com partidos políticos; governo enfrenta instabilidade |
Após saber do resultado da votação, Ana Jara publicou em sua conta no Twitter: "Dou graças ao Senhor Jesus por ter me dado a oportunidade de servir meu país no Executivo! É uma honra que este Congresso me censure".
Por meio de sua conta no Twitter, a presidente do partido Nacionalista e esposa de Ollanta Humala, Nadine Heredia, disse hoje que a moção de censura "é uma lamentável demonstração de chantagem política e aproveitamento eleitoral sem pensar nas consequências para o país".
É a terceira vez nos últimos cem anos que o Congresso do Peru depõe um primeiro ministro.
ESCÂNDALO
A moção foi apresentada após a revelação pela imprensa de que a Direção Nacional de Inteligência (DINI) teria rastreado informações pessoais de milhares de pessoas, incluindo políticos, jornalistas e empresários.
A DINI teve suas funções suspensas por ordem de Humala após outras denúncias de espionagem sobre opositores do governo.
Em debate no Congresso, o parlamentar governista Víctor Isla defendeu Jara. "Isso [a investigação pelo DINI] data de 2005. Aconteceu durante os governos [dos ex-presidentes] Alejandro Toledo e Alan García e não se fez nada. Agora, quem toma uma atitude [a de investigar] é censurado".
INSTABILIDADE
A deposição da primeira-ministra agrava a situação de instabilidade do governo do presidente Humala, que enfrenta a sua pior crise a um ano do fim de seu mandato.
O desgaste do governo e a falta de quadros políticos na reta final do mandato dificulta que o presidente encontre uma figura de consenso para substituir Jara.
Paolo Aguilar - 9.fev.2012/Efe | ||
Manifestantes criticam o governo de Humala no em protesto pela água |
Em fevereiro, Humala se viu forçado a fazer uma reforma ministerial a fim de acalmar os ânimos da oposição.
A situação do presidente se agrava por sua baixa popularidade (22%) e pela investigação de sua esposa, Nadine Heredia, por um suposto esquema de lavagem de dinheiro.
Além disso, o governo se tornou alvo de protestos, principalmente contra a indústria de extração de recursos naturais e por denúncias de danos ao meio ambiente. Há ainda conflitos com indígenas que demandam uma retribuição pelo uso de suas terras.
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