Venezuela proíbe diretores de jornais de saírem do país
A Justiça da Venezuela decretou nesta terça-feira (12) proibição de sair do país para 22 diretores de sites e jornais de oposição, por terem repercutido relatos de supostos vínculos do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, com o narcotráfico.
A notícia foi divulgada no site dos jornais "El Nacional" e "Tal Cual", cujos executivos foram visados pela acusação de "difamação agravada".
Uma fonte do "Tal Cual" disse à Folha que um dos diretores, Manuel Puyana, já foi formalmente notificado da proibição de sair do país e da obrigação de se apresentar semanalmente ao tribunal antes mesmo do início do julgamento sobre o caso, ainda sem data.
Outro diretor do jornal está nos EUA e, diante da decisão jurídica, não retornará.
Ricardo Maldonado - 17.mar.2015/Efe | ||
O diretor do jornal venezuelano "El Nacional", Miguel Otero, outro dos atingidos pela medida da Justiça |
O vice-presidente editorial do "El Nacional", Argenis Martinez, disse à reportagem que ainda não recebeu notificação. "Eles [membros do governo] estão tão sem vergonha que já tinham a proibição de sair do país pronta antes mesmo de começar o julgamento", afirmou.
O caso começou em janeiro, quando os executivos repercutiram em suas respectivas publicações –a exemplo de boa parte da imprensa internacional– uma reportagem do jornal espanhol "ABC" denunciando supostos laços de Cabello com o narcotráfico.
A fonte da reportagem era o militar desertor Leamsy Salazar, ex-chefe de segurança de Cabello e homem de confiança do então presidente Hugo Chávez (1999-2013), falecido fundador do regime socialista em vigor no país.
Segundo Salazar, hoje protegido pelos EUA, Cabello comanda o cartel conhecido como Los Soles, que opera a partir das Forças Armadas da Venezuela.
Analistas questionam a existência de um cartel com organização e estrutura definida, mas ressaltam que a Venezuela não poderia ter se tornado a colossal plataforma de narcotráfico que é hoje sem envolvimento ou conivência de autoridades.
Cabello negou as acusações e, em seu programa semanal na TV estatal, disse que processaria os responsáveis por repercutir a notícia.
O chefe do Legislativo exigiu abertamente que fossem proibidos de sair do país.
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