Para Vaticano, casamento gay na Irlanda é 'derrota para a humanidade'
O Vaticano apontou que vê como uma "derrota para a humanidade" a aprovação do casamento gay na Irlanda por meio de referendo neste final de semana.
"Não foi uma derrota para os princípios cristãos, foi uma derrota para a humanidade", disse nesta terça-feira (26) o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. "Eu fiquei muito triste com o resultado."
Na primeira manifestação de um funcionário de alto nível da Santa Sé sobre o referendo na Irlanda, foi dito também que a Igreja deve repensar a forma como prega a mensagem cristã.
"A Igreja deve tomar ciência dessa realidade [a aprovação do casamento gay], mas no sentido de reforçar o seu compromisso de evangelização", disse.
Parolin ressaltou ainda o sentimento de choque sobre o voto a favor do casamento gay na Irlanda, um país tradicionalmente católico.
Após o referendo, o arcebispo de Dublin Diarmuid Martin disse à rádio irlandesa RTE que "a Igreja precisa atentar à realidade dos fatos".
O papa Francisco apresenta um tom mais tolerante do que muitos conservadores católicos em relação aos homossexuais. "Se uma pessoa é gay e está procurando Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", disse Francisco pouco após assumir o papado.
Até agora, porém, não há sinais de que a Igreja vá mudar sua doutrina contrária aos atos homossexuais.
Pedro Armestre - 18.ago.2011/AFP | ||
Casal gay se beija diante do papamóvel do papa Bento 16 em Madri, em 2011 |
Na Itália, o governo do premiê Matteo Renzi se prepara para apresentar um projeto que tornaria legais as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, mas não há planos para a aprovação do casamento gay.
O referendo na Irlanda provocou reações na Alemanha no sentido de avançar em direção ao casamento gay - no país, só é legal a união civil homoafetiva. Tem aumentado a pressão sobre o partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrática Cristã (CDU), contrário a qualquer mudança na legislação.
"Pode-se pensar que se os irlandeses católicos o fizeram, nós também podemos fazê-lo [aprovar o casamento gay]", disse ao "Die Welt" Jehs Spahn, membro da cúpula da CDU.
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