Governo palestino de unidade pode se dissolver um ano após reconciliação
O governo de unidade da Autoridade Nacional Palestina (ANP) pode ser dissolvido, segundo o seu presidente, Mahmoud Abbas, devido a divergências entre os grupos políticos que o compõem.
Nesta terça-feira (16), Abbas havia dito à cúpula de seu partido, o Fatah, que o governo iria se dissolver porque o movimento radical Hamas não permitiria a sua operação em Gaza.
Abbas Momani-26.abr.2014/AFP | ||
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, anuncia que governo de unidade pode ser dissolvido |
"O governo vai renunciar nas próximas 24 horas por causa de sua fragilidade e porque não tem nenhuma chance de que o Hamas lhe permita agir na faixa de Gaza", declarou Amin Maqbul, secretário-geral do Conselho Revolucionário do Fatah.
Ehab Bseiso, porta-voz do governo de união palestino, não confirmou a renúncia. "Tivemos uma reunião (do governo nesta terça), e esta questão não foi discutida", declarou à AFP.
O Hamas, por sua vez, rejeitou nesta quarta (17) a dissolução "unilateral" do governo de unidade "sem o consentimento de todas as partes".
"Não fomos informados sobre qualquer decisão de mudar e não fomos consultados sobre alterações no governo de unidade", disse à agência de notícias AFP Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas.
RIXA
Anunciado em abril de 2014, o governo de unidade é composto por 17 tecnocratas e representa uma tentativa de reconciliação após anos de rixa entre o Fatah, partido moderado e laico que controla partes da Cisjordânia, e o Hamas, movimento radical islamita que controla a faixa de Gaza.
A Cisjordânia e a faixa de Gaza são separadas territorialmente pelo Estado de Israel.
Hazem Bader-29.ago.2014/AFP | ||
Apoiadores do Hamas em marcha; movimento recusa mudanças "unilaterais" no governo de unidade |
As divergências entre os dois grupos ficaram mais evidente após a anulação das eleições parlamentares palestinas em 2006, ganhas pelo Hamas.
Editoria de Arte/Folhapress |
O Fatah manteve o seu controle sobre a ANP e foi expulso de Gaza em 2007 após confrontos com o Hamas.
Apesar da formação do governo de unidade em 2014, as diferenças entre os grupos continuam. O Fatah acusa o Hamas de tentar criar um governo independente e islamita em Gaza. O Hamas, por sua fez, diz que o Fatah não convoca novas eleições por medo de ser derrotado.
O governo de unidade ficou ainda mais fragilizado após a incursão militar de Israel na faixa de Gaza entre julho e agosto, a qual terminou com mais de 2.000 palestinos e 72 israelenses mortos.
Israel recusa qualquer negociação com um governo palestino controlado pelo Hamas, que promete destruir o país judeu.
Desde 1967, Israel ocupa civil e militarmente grande parte dos territórios palestinos, o que provoca impasses nas negociações de paz. O país se retirou unilateralmente da faixa de Gaza em 2005, mas mantém bloqueio territorial, aéreo e marítimo sobre o território.
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