Ataque mata procurador egípcio que liderava processos contra islamitas
O procurador-geral do Egito, Hisham Barakat, 65, morreu nesta segunda (29) em um atentado a bomba no Cairo. Ele chegou a ser levado a um hospital, onde passou por cirurgia, mas não resistiu.
Barakat comandava os processos judiciais contra o presidente deposto Mohammed Mursi e seus aliados da Irmandade Muçulmana. O procurador foi apontado para o cargo em julho de 2013, ano do golpe militar.
Mohamed Abd El Ghany/Reuters | ||
Polícia faz guarda em frente ao local onde ocorreu ataque a bomba contra comboio de procurador-geral |
Outras sete pessoas ficaram feridas. A explosão danificou vários carros e casas que estavam nas imediações.
O atentado foi reivindicado nas redes sociais por um grupo pouco conhecido chamado Movimento de Resistência Popular. Os terroristas colocaram uma bomba em um carro estacionado, que explodiu quando o comboio de Barakat passada pela avenida Emar ben Yaser.
O Serviço de Informação do Estado egípcio condenou o assassinato e o atribuiu à Irmandade Muçulmana. "Este crime é parte do complô terrorista que recentemente atingiu Tunísia, Kuait e França e é uma extensão das ações da facção Estado Islâmico, da qual a Irmandade Muçulmana faz parte", disse o órgão em comunicado.
Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, em entrevista a agência de notícias Efe, negou que a organização tenha qualquer relação com o atentado. Segundo ele, a morte de Barakat foi orquestrada pelos serviços de inteligência egípcios para ferir a imagem dos islamitas.
PERSEGUIÇÃO
No dia 16 de junho deste ano, um tribunal egípcio confirmou a condenação à pena de morte de Mursi por atos violentos e por fugir da prisão em 2011, durante o levante popular conhecido como Primavera Árabe.
A corte, que já havia condenado Mursi e mais de cem pessoas à morte em maio, confirmou a sentença após consulta ao grão-mufti do Egito, autoridade religiosa a quem o governo concede um papel consultivo. O veredicto pode ser revertido no Tribunal de Apelações do país.
Mursi se tornou o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito após a queda do ditador Hosni Mubarak, em 2011, em meio à Primavera Árabe.
Em 2013, Mursi se tornou alvo de grandes protestos e foi deposto em um golpe militar encabeçado pelo ex-comandante e atual presidente, Abdel Fattah al-Sisi.
Desde então, as autoridades egípcias vêm perseguindo os partidários da Irmandade Muçulmana, acusados serem uma ameaça à segurança nacional.
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