Crise no país deu força a independentismo
As multidões que, desde 2012, tomam Barcelona em manifestações pró-independência a cada 11 de setembro celebram a Diada, data associada a uma derrota histórica.
Foi em 11 de setembro de 1714 que Barcelona se rendeu às tropas do rei Felipe 5º, após haver escolhido o lado perdedor na guerra pela sucessão ao trono espanhol.
O nacionalismo catalão é uma longa construção histórica que ressurgiu no fim do século 19, atravessou a ditadura franquista (1939-75) e floresceu após a aprovação do Estatuto da Autonomia em 1979, na redemocratização.
Para o especialista em direito constitucional Francesc de Carreras, o estatuto atendeu à maioria das reivindicações históricas do movimento pela soberania, incluindo o catalão como idioma oficial.
Mas o nacionalismo ampliou as demandas, e a paciência com que o processo foi conduzido ao longo de décadas acabou se esgotando.
Esse estopim coincide com a crise na Espanha desde 2008. O país perdeu 7% do PIB com a recessão e viu o desemprego chegar a 25% —hoje, o índice nacional está em 22%; na Catalunha, em 19%.
"A reação à crise foi na linha de 'a Espanha continua sendo um desastre'. Nesse clima, o nacionalismo catalão mais exacerbado avançou", diz Carreras, um dos fundadores do partido Cidadãos, que se opõe à independência.
Em 2013, o governo da Catalunha nomeou um conselho com economistas, políticos e acadêmicos para planejar um Estado independente.
Além de desenhar um arcabouço institucional, o grupo preparou planos de contingência que incluem mais de 200 medidas. Entre elas, um eventual "corralito" caso a Catalunha independente seja forçada a deixar o euro.
"Sem querer parecer imodesto, temos o processo de independência mais bem preparado da história da humanidade", diz o secretário de Assuntos Estrangeiros Roger Albinyana.
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