Tumulto deixa ao menos 717 mortos em peregrinação islâmica a Meca
Pelo menos 717 pessoas morreram e 863 ficaram feridas nesta quinta (24) em um tumulto no bairro de Mina, na cidade sagrada de Meca, durante a peregrinação anual de muçulmanos à Grande Mesquita, de acordo com balanço da Defesa Civil saudita.
Foi a maior tragédia da peregrinação, chamada de Hajj em árabe, desde 1990, quando 1.426 peregrinos morreram pisoteados num túnel entre Mina e o centro de Meca.
Menos de duas semanas atrás, a queda de um guindaste na Grande Mesquita de Meca –local para onde os muçulmanos se voltam ao fazer suas orações e um dos pontos principais da peregrinação– já deixara pelo menos 111 mortos e 394 feridos.
Em comunicado divulgado depois da tragédia, o ministro da Saúde da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, afirmou que ela pode ter sido provocada "pela movimentação de alguns peregrinos que não seguiram as orientações das autoridades responsáveis".
Mina fica a 5 km de Meca e acomoda anualmente milhares de peregrinos em tendas climatizadas. O tumulto que resultou em centenas de mortes aconteceu por volta das 9h locais (3 h em Brasília).
TRAGÉDIAS ANTERIORES EM MINA - Número de mortes em tumultos desde 1990
Os peregrinos estavam em uma encruzilhada perto da entrada de Jamarat, onde é realizado um dos rituais do Hajj –lançar pedras contra uma grande pilastra que representa o Diabo e, mais tarde, contra outras três colunas.
As vítimas seguiriam depois para a Grande Mesquita, onde dariam sete voltas ao redor da Caaba, a construção mais sagrada do islã, localizada em seu pátio central.
Por sua conta no Twitter, a Defesa Civil saudita informou que dois centros médicos foram instalados em Mina para atender aos feridos e mais de 4.000 pessoas foram mobilizadas para o socorro. Centenas de pessoas foram levadas a quatro hospitais da área.
HISTÓRICO DE ACIDENTES
Nesta semana, mais de 2 milhões de muçulmanos iniciaram o Hajj, que é anual e em 2015 ocorre entre 22 e 26 de setembro. Todo seguidor da religião deve comparecer ao menos uma vez na vida ao evento, desde que possua meios financeiros para isso.
Considerada a maior migração regular de pessoas no mundo, a peregrinação inclui uma série de outros procedimentos –como orações, caminhadas e sacrifício animal– e tem um histórico de milhares de mortes em acidentes nos últimos 25 anos.
Em maio de 1994, 270 peregrinos morreram em Mina em um tumulto semelhante durante o ritual de apedrejamento. Em abril de 1998, o incidente se repetiu, deixando 118 mortos e 180 feridos.
Outras centenas de peregrinos morreram em circunstâncias similares em 2004 e 2006. Além disso, em janeiro de 2006, um hotel no centro de Meca e um hostel perto da Grande Mesquita caíram, matando ao todo 149 pessoas.
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