Justiça da Argentina abre investigação sobre denúncia de espionagem ilegal
A três dias da eleição presidencial argentina, um suposto caso de espionagem ilegal pôs em alerta políticos, jornalistas e juízes.
Segundo denúncia feita à Justiça nesta quarta (21), quase 200 personalidades são alvo de grampo supostamente patrocinado pelo governo de Cristina Kirchner.
A acusação foi feita pelas deputadas Laura Alonso e Patricia Bullrich, do PRO (Proposta Republicana), partido de Mauricio Macri, candidato opositor à Presidência.
Segundo Alonso, uma pessoa que se disse funcionário do serviço de inteligência do governo entregou-lhe uma lista de nomes que teriam conversas telefônicas e mensagens de WhatsApp vigiadas.
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Lista de pessoas (incluindo juízes do Supremo) que estariam sendo investigados pelo governo |
Não está claro se a suposta espionagem seria obra dos serviços oficiais de inteligência do governo e do Exército ou de um aparato paralelo.
Na lista, estão todos os candidatos opositores à Presidência: Macri, Sergio Massa (UNA), Margarita Stolbizer (Progressistas), Adolfo Rodriguez Saá (Compromisso Federal) e Nicolás Del Caño (Frente de Esquerda).
Também estão todos os juízes da Suprema Corte e magistrados que investigam causas sensíveis ao governo.
"O padrão comum de todos os espiados é que mantêm posições críticas ou independentes em relação ao governo", disse Laura Alonso.
VAZAMENTO
Sebastián Casanello, um dos juízes responsáveis pelo caso, criticou o vazamento das informações, fazendo uma crítica indireta às duas parlamentares.
Ele só teria recebido a lista com os nomes dos supostos espiados nesta quarta. Na noite de terça, a relação já circulava nos sites de notícias.
"É como espionar e tocar a campainha. Quem anuncia antes que fará uma batida, ou é tonto, ou tem outras intenções", afirmou Casanello.
O candidato da situação, Daniel Scioli, disse que nestas eleições já "houve tentativas de desviar a atenção das pessoas, de deslegitimar as eleições e, nesse contexto, aparece essa denúncia".
O opositor Sergio Massa disse: "Não me incomoda que me espionem. Mas o governo vai se defender atacando, vai dizer que as denúncias são de Macri, que já foi acusado de denúncias ilegais".
GOVERNO
O chefe do serviço de inteligência, Oscar Parilli, disse que não existe espionagem interna e acusou seu antecessor, Antonio Jaime Stiuso, de ter conduzido o plano.
"Podem usar tranquilamente o telefone que não os escutamos. Não fizemos isso, não fazemos e não vamos fazer. Isso foi feito por Stiuso, e nós o denunciamos".
O chefe de gabinete e candidato a governador da província de Buenos Aires, Aníbal Fernández, chamou a denúncia de "uma invenção". Em sua página do Facebook, afirmou que se tratava de mais uma campanha do Grupo Clarín.
Para provar sua acusação, mostrou a capa do jornal homônimo desta quarta e de 13 de agosto de 2011, cuja manchete se refere também a uma denúncia de espionagem. Na época, estava no início a campanha pela reeleição de Cristina.
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