Ataques de Paris foram feitos por três equipes coordenadas, diz promotor
Três equipes coordenadas de terroristas "muito provavelmente estão na origem da barbárie" que atingiu Paris, disse o procurador da República François Molins na noite de sábado (14).
Quase 24 horas após a tragédia, Molins deu as primeiras pistas da identidade dos autores dos atentados de sexta (13) e seu modo de operar.
Os sete terroristas estavam armados com o mesmo tipo de material bélico –metralhadoras Kalashnikov e explosivos "altamente voláteis". O objetivo era "fazer o máximo possível de vítimas".
Três homens-bomba detonaram explosivos nos arredores do Stade de France, matando uma pessoa. Um agressor cometeu um atentado suicida em frente ao restaurante Comptoir Voltaire (11° distrito de Paris), deixando vários feridos, e outros três terroristas também usaram o mesmo método de ataque à casa de shows Bataclan.
Um dos indivíduos foi identificado pelas autoridades como o francês Ismail Mostefai, 29. Nascido nos arredores de Paris, foi incluído em 2010 na lista de suspeitos de radicalização islâmica.
Segundo o jornal "Le Monde", ele viajou duas vezes à Síria entre 2013 e 2014. O terrorista morreu ao detonar um cinto de explosivos que levava consigo e foi identificado a partir das impressões digitais de um dedo.
Na noite deste sábado, a polícia prendeu o pai e o irmão de Mostefai. Outro francês foi detido pela manhã na fronteira da França com a Bélgica. Ele havia alugado um carro de placa belga que levou três dos terroristas até a casa de show Bataclan.
Quanto ao passaporte de um homem sírio nascido em 1990 encontrado ao lado do corpo de um dos terroristas do lado de fora do estádio, o procurador pediu cautela.
O governo grego confirmou que as informações do passaporte correspondem a um homem registrado como refugiado no país em outubro.
Durante a noite, as buscas continuavam pela cidade.
NOVA ESTRATÉGIA
Para Fréderic Gallois, ex-comandante do Grupo de Operações Especiais da Polícia Francesa, os novos métodos dos terroristas farão a França mudar de estratégia.
"O modo de operação dos terroristas já era conhecido. O fator surpresa era a data e o local desses ataques, algo difícil de descobrir", afirmou ele à Folha. "Daqui para frente, devemos adotar uma estratégia abrangente que inclua empresas privadas de segurança e a sociedade civil."
Em discurso neste sábado, o ex-presidente Nicolas Sarkozy falou em "guerra total" contra o terrorismo. "É nosso dever levar em consideração a gravidade extrema da situação. Nada poderá ser como antes. O terrorismo fez vítimas demais. Nossa política externa tem que considerar que estamos em guerra."
SÉRIE DE ATAQUES
Na entrevista coletiva, o procurador detalhou a sequência dos ataques, que ocorreram entre 21h20 e 21h53 de Paris (18h20 e 18h53 em Brasília) em seis pontos da capital francesa.
A tomada de reféns na casa de shows Bataclan só teve fim com a intervenção da polícia, por volta da 0h20 (21h20 em Brasília). Este foi o local onde houve o maior número de mortos pelos terroristas —89 pessoas, segundo o promotor.
Mais cedo, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse que o país continuará a intervenção militar no Iraque e na Síria com o objetivo de atingir de forma mais dura o Estado Islâmico, que reivindicou a autoria do ataque.
"Nós atacaremos este inimigo para destruí-lo, na França mas também na Síria e no Iraque. Vamos responder no mesmo nível desse ataque, com grande determinação, com a vontade de destruir. E vamos ganhar essa guerra", disse.
Ele disse ainda que o presidente François Hollande vai discutir os meios que serão empregados nessa resposta no Congresso francês na segunda (16). Também confirmou a realização da COP21 em Paris e que as eleições regionais, marcadas para 6 e 13 de dezembro, não serão adiadas.
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