Conservadores europeus pedem rigor para refugiados após ataque em Paris
Nikolay Doychinov/AFP | ||
Refugiado carrega o filho adormecido enquanto cruza a fronteira entre a Grécia e a Macedônia |
Políticos europeus que se opõem à entrada de refugiados em seus países têm usado os atentados de sexta-feira (13) em Paris, na França, para argumentar pelo fechamento das fronteiras e revisão das políticas de recebimento desses imigrantes.
Os pedidos por mudança nas normas que regem o recebimento dos refugiados ganharam força depois que um passaporte sírio, supostamente de um refugiado, foi encontrado junto de um dos homens-bomba responsáveis pelas explosões no Stade de France. Não foi confirmado pelas autoridades responsáveis pela investigação se o passaporte realmente pertencia ao terrorista ou se foi roubado.
Na França, a líder do Front Nacional, Marie Le Pen, partido de extrema direita, disse em pronunciamento na televisão que o país deve "aniquilar o fundamentalismo islâmico", proibir organizações islamitas, fechar mesquitas radicais, expulsar "pregadores do ódio" e imigrantes ilegais e revogar a dupla nacionalidade de muçulmanos, além de deportá-los.
Aliados da chanceler da Alemanha Angela Merkel têm pressionado o governo para que reveja a política de "portas abertas" do governo, sinalizando que apoiam medidas mais severas para a entrada e de inteligência contra radicais no território alemão.
"Os dias de imigração descontrolada e ilegal não podem continuar. Paris mudou tudo", disse o ministro das Finanças do estado da Bavária, Markus Soeder, a um jornal local.
Na Holanda, o líder da extrema-direita Geert Wilders, anti-Islã, afirmou que o governo está em negação sobre as conexões entre imigração e terrorismo. "Primeiro-ministro Rutte, feche as fronteiras!", diz um comunicado do Partido da Liberdade, de Wilders.
O líder do partido nacionalista italiano Liga do Norte, Matteo Salvini, disse a repórteres em Milão que "se os imigrantes são de segunda, terceira ou quarta geração, é ainda pior, pois isso mostra que o Islã não é compatível com a democracia".
O recém-constituído governo polonês exigiu garantias de segurança antes de aceitar o sistema europeu de cotas para refugiados, afirmando que o massacre coloca em xeque a política de migração da Europa.
Pelo plano, a Polônia receberia 4.500 refugiados, além dos 2.000 que já vivem em seu território. "Os ataques significam que é preciso revisar a política europeia em relação à crise migratória", afirmou Konrad Szymanski, que toma posse como ministro das Relações Exteriores nesta segunda-feira (16).
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, nacionalista de centro-direita que se opôs ao sistema de cotas, levantou a possibilidade de que militantes do Estado Islâmico (EI) tenham se infiltrado na onda de imigrantes que chegou à Europa.
Os pedidos dos líderes conservadores aprofundam as divisões entre os países europeus sobre a forma de lidar com a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
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