Mercosul não pode punir Venezuela por presos políticos, diz kirchnerista
Aliado do candidato a presidente da situação Daniel Scioli, o ex-ministro da Educação Daniel Filmus afirmou nesta terça (17) que a Argentina não pode acionar a cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela, como planeja o opositor Mauricio Macri.
Líder nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da Argentina, Macri vem afirmando que, se eleito, vai pressionar o bloco para aplicar sanções sobre o governo de Nicolás Maduro contra as prisões dos políticos Leopoldo López e Antonio Ledezma.
De orientação de centro-direita, Macri faz oposição ao governo de Cristina Kirchner, mais alinhada às lideranças de esquerda e bolivarianas da região.
Pablo Porciuncula - 10.jul.2011/AFP | ||
O ex-ministro da Educação Daniel Filmus, cotado para Ciência e Tecnologia se Scioli vencer a eleição |
Ex-titular da Comissão de Assuntos Exteriores do Senado argentina (entre 2007 e 2013) e hoje funcionário da diplomacia argentina, Filmus, que chefiou o Ministério da Educação na gestão Néstor Kirchner (2003-2007), deve ocupar a vaga de ministro de Ciência e Tecnologia de Daniel Scioli, se o político vencer a disputa pela Casa Rosada no próximo domingo (22).
Segundo ele, Macri está mal informado sobre as regras que regem o Mercosul.
"O Mercosul pode intervir em casos como o do Paraguai, quando se rompe a institucionalidade", afirmou, referindo-se à suspensão do país do bloco em 2012, após o impeachment de Fernando Lugo. "Voltaram as eleições no Paraguai e o país voltou a integrar o bloco."
"Imagine se o Mercosul interviesse na Argentina porque há suspeita de fraude eleitoral na Argentina? Não se pode intervir na política interna de um país. Só quando há uma ruptura da ordem institucional. Essa cláusula democrática não existe apenas no Mercosul, mas também na Unasul."
Filmus afirmou que a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) já vai enviar pessoas para acompanhar a eleição venezuelana, indicando ser o suficiente em termos de influência externa sobre o que ocorre no país.
"Políticos presos há em muitos lugares, como em Cuba por exemplo. Mas não podemos intervir na política interna. 192 países votaram a favor do fim do embargo americano a Cuba, mas ninguém votou no tema dos presos políticos", acrescentou.
A Argentina e o Brasil têm evitado se pronunciar sobre as prisões de políticos na Venezuela.
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