Scioli vota na Argentina e compara segundo turno inédito a tango
O candidato do governo à Presidência da Argentina, Daniel Scioli, foi o primeiro a votar na manhã deste domingo (22) em uma escola de Tigre.
Scioli chegou pouco depois das 9h30 (10h30 de Brasília) acompanhado de sua mulher e vários partidários, que cantavam a frase "se siente, se siente, Scioli presidente" (sente-se, sente-se, Scioli presidente), segundo o jornal argentino "Clarín".
O candidato da Frente para a Vitória pediu aos eleitores que "votem em defesa de seu futuro" e, citando mais uma vez o papa Francisco, figura involuntária da campanha presidencial argentina, pediu que votem "com consciência".
Scioli era o favorito para vencer as eleições presidenciais no primeiro turno, realizado em 25 de outubro. Ele não conseguiu, contudo, a margem de dez pontos percentuais sobre Mauricio Macri, candidato conservador da oposição pelo partido Mudemos.
Desde então, Macri virou o jogo e aparece nas pesquisas como favorito ao segundo turno, o primeiro a ser realizado na Argentina desde a implementação deste sistema, em 1994.
O candidato governista tentou reconquistar a vantagem levando uma campanha de ataques contra Macri, cuja vitória, argumentou, levaria o país de volta às políticas econômicas dos anos 90 que levaram à quebra de 2001.
Confiante ao votar, Scioli usou o tango, uma das paixões nacionais, para descrever a disputa: "Como diz o tango, ficamos mão a mão".
Eleição na Argentina - Candidatos se enfrentam
Seu companheiro de chapa, Carlos Zannini, também votou na manhã deste domingo. Ele afirmou aos jornalistas ter confiança de que os eleitores "não vão destruir o que foi construído", em clara alusão à herança da atual presidente, Cristina Kirchner.
Zannini contou ainda, entre risadas, que jantou com a "presi".
CRISTINA VOTA
No fim da manhã deste domingo, foi a vez de Cristina dar seu último voto como presidente.
Ela chegou ao colégio em Río Gallegos às 11h34 (12h34 em Brasília) e brincou com uma senhora que entrava na mesma sala: "em quem vai votar? Não diga, não diga", disse, entre risadas.
Em declarações aos jornalistas, Cristina disse estar preocupada com a pichação na Mansão Seré —um conhecido centro clandestino de tortura, que amanheceu na última sexta (20) com a frase "No dia 22 se acaba o curral".
A frase faz referência ao termo utilizado pelo opositor Macri para referir-se aos benefícios recebidos pelos grupos de defesa de direitos humanos que são alinhados ao governo de Cristina. O episódio reacendeu o debate sobre direitos humanos.
A presidente ressaltou a importância da defesa dos "direitos humanos que colocaram a nós argentinos em um lugar privilegiado".
Ela fez ainda uma alusão à eleição, em 2003, de seu marido, Néstor Kirchner (1950-2010) à Presidência. "Me pergunto se em 2003, em vez de triunfar a chapa Néstor Kirchner e Daniel Scioli tivesse triunfado a de quem não vou nomear", disse a presidente, em referência a Carlos Menem.
Pediu ainda que os eleitores "pensem por um instante onde e como estavam em 2003".
Cristina aproveitou a oportunidade para defender os 12 anos de governo kirchnerista: "nunca tivemos um período de governo de 12 anos e meio com esta estabilidade econômica, social e de constante progresso".
Segundo o jornal "Clarín", Cristina falou por exatos 30 minutos, com apenas poucas interrupções dos jornalistas presentes.
RESULTADOS
Os centros de votação fecharão às 18h (19h em Brasília).
Segundo o diretor eleitoral argentino, Alejandro Tullio, os primeiros resultados serão divulgados a partir das 19h30 (20h30 de Brasília) e a expectativa é que o vencedor seja conhecido às 22h30 (23h30 de Brasília).
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