Alemanha reduzirá a entrada de refugiados, diz Merkel
Michael Probst/Associated Press | ||
Angela Merkel segura boneco de lobo durante convenção da UDC, na Alemanha |
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, prometeu nesta segunda-feira (14) ao seu partido que o país irá "reduzir significativamente" a entrada de refugiados.
"Nós queremos e iremos reduzir significativamente o número de refugiados, porque isso é o interesse de todos", disse Merkel em uma conferência da conservadora União Democrata-Cristã (UDC). "Mesmo um país forte como a Alemanha será ultrapassado no longo prazo com números elevados de refugiados."
A Alemanha é o principal destino de refugiados na Europa, e registrou cerca de 1 milhão de pedidos de asilo desde o começo do ano.
A declaração de Merkel parece apontar para um giro em sua postura diante da crise de refugiados e migrantes. Ela vinha sendo pressionada pela ala conservadora de seu partido por um endurecimento na gestão do fluxo de pessoas.
Na semana passada, a chanceler foi nomeada pela revista americana "Time" a pessoa do ano por sua liderança na abertura ao fluxo sem precedentes de pessoas que buscam asilo na Europa.
Apesar do aparente recuo em seu discurso em relação aos refugiados, Merkel negou impor um limite ao fluxo migratório e rechaçou, em nome de um "imperativo humanitário", fechar as fronteiras da Alemanha, proposta defendida por alguns membros da legenda.
"Nós não vamos ter sucesso nos trancando. Em pleno século 21, trancar-nos não é a solução", afirmou a líder alemã.
Merkel caracterizou a crise de refugiados como um "desafio histórico" para a União Europeia (UE), e disse que a Alemanha vai "superar este teste" porque "é parte da identidade do país fazer grandes coisas".
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Segundo ela, a solução para a crise de refugiados passa pelo reforço dos controles nas fronteiras externas da Europa e pela negociação com os outros países da região. "Nós insistimos na solidariedade europeia", disse.
A chanceler também ressaltou a importância da diplomacia com a Turquia, que abriga mais de 2,2 milhões de refugiados sírios e é um dos principais pontos de partida para travessias no Mediterrâneo. Há algumas semanas, a UE concordou em oferecer 3 bilhões de euros (R$ 11,7 bilhões) ao governo de Ancara em troca de um maior controle da saída de refugiados com destino aos países do bloco.
A UDC aprovou resolução favorável à diminuição do fluxo de refugiados por meio de "medidas efetivas", pois "a manutenção do fluxo atual sobrecarregaria o Estado e a sociedade no longo prazo".
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