Ação contra Saddam completa 25 anos como êxito que não perdurou
Bob Pearson - 27.fev.91/AFP | ||
Cidadão do Kuait comemora fim da guerra no país, em 1991 |
Há 25 anos, quando a Operação Tempestade no Deserto teve início, e nos meses subsequentes de celebração do sucesso de rara coalizão multinacional, parecia que a "Nova Ordem Mundial" seria um êxito prolongado.
Em agosto de 1990, o Iraque invadiu e anexou o Kuait. Então, o presidente dos EUA, George H. Bush, buscou na ONU respaldo para uma reação coletiva à agressão.
Pela primeira vez, o Conselho de Segurança tomou sucessivas decisões unânimes para condenar o Iraque, impor-lhe sanções, proibir suprimento de armas e, afinal, dar um ultimato para que retirasse suas tropas do Kuait (até 15 de janeiro de 1991).
No meio tempo, os EUA conseguiram apoio de 33 países, inclusive de diversas nações árabes, que constituíram o maior bloco de aliados em conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial.
O resultado foi rápido, simples e bem-sucedido. De 17 de janeiro a 24 de fevereiro, foram feitos bombardeios e lançamentos de mísseis contra alvos militares iraquianos no Kuait e em Bagdá. Nas cem horas seguintes, por terra, os aliados expulsaram os iraquianos do Kuait.
Houve grande controvérsia, que ainda perdura, se Bush não deveria ter seguido adiante, até Bagdá, e derrubado Saddam Hussein, algo que seu filho viria a fazer 11 anos depois.
Bush pai justificou sua decisão com o argumento de que não podia ultrapassar os limites determinados pelas resoluções da ONU. O futuro viria a comprovar que acabar com o regime de Saddam pela força talvez jamais tivesse sido uma alternativa sábia.
APROVAÇÃO PÚBLICA
Primeira guerra transmitida ao vivo, a Tempestade no Deserto causou a morte de 341 soldados das forças da coalizão (146 americanos), 3.500 civis iraquianos e número indeterminado de soldados iraquianos.
Cerca de mil civis do Kuait morreram durante a invasão iraquiana.
O serviço de pesquisa do Congresso dos EUA avaliou o custo dessa guerra em US$ 61 bilhões –US$ 52 bilhões pagos por outros países.
Ao final da ação, Bush obteve o mais alto índice de aprovação pública de todos os presidentes americanos (89%), maior até que os de seu filho após os ataques de 11 de setembro (86%) e de Harry Truman depois da rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial (87%).
Isso não impediu que, um ano e meio depois, perdesse a reeleição para Bill Clinton devido a uma curta recessão e à divisão do voto conservador provocada pela candidatura independente de Ross Perot, entre outras razões.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis