Após fim de sanções, Irã ganha sessão especial no Fórum Econômico Mundial
O chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, usou nesta quarta-feira (20) um tom moderado e conciliatório ao falar sobre política, regional e internacional, em sessão especial do encontro-2016 do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A sessão nem constava do programa original do Fórum, mas foi rapidamente encaixada depois que, dois dias antes, foram oficialmente levantadas as sanções contra o país persa.
Fabrice Coffrini/AFP | ||
Chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, participa de sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos |
Em um pronunciamento durante a sessão, Zarif, um dos grandes arquitetos do acordo, chegou até a repetir frase do presidente Barack Obama (líder de um país que ainda não tem relações com o Irã): "Diplomacia funciona" é a "mensagem global" que permitiu o acordo nuclear.
Diplomacia é, aliás, a palavra de ordem de Zarif para solucionar a tremenda crise síria. Repetiu aos executivos os quatro pontos da proposta iraniana, que fazem todo o sentido, se se pudesse excluir o Estado Islâmico da equação.
Ponto um: cessar-fogo (quem vai convencer o EI?). Ponto dois: governo de unidade nacional. Três: reforma constitucional. Quatro: eleição com base na nova Constituição.
A proposta passa, inexoravelmente, pela aceitação pelos Estados Unidos da permanência do ditador Bashar al-Assad no poder até pelo menos a eleição.
Zarif acha viável implementar o plano, a partir do argumento de que, se foi possível um acordo nuclear com os EUA, com o qual há pendências antigas, tem que ser possível entre países vizinhos.
A seu lado, Mohammad Nahavandian, chefe de gabinete do presidente Hasan Rowhani, se comportava como autêntico caixeiro-viajando disposto a vender um país até há pouco tratado como pária pela comunidade internacional.
No Fórum de Davos, o interesse dos 1.500 executivos de todas as grandes multinacionais que são a clientela do Fórum confirmou as novas perspectivas de negócios que se abrem para Teerã.
Nahavandian anunciou para o público de Davos que o crescimento iraniano este ano será de ao menos 5%, mais, portanto, que a média mundial (3,4%, segundo a mais recente projeção do Fundo Monetário Internacional).
Melhor ainda, verdadeira música para os ouvidos dos executivos: o objetivo do novo plano governamental é conseguir 8% na média para os próximos cinco anos.
O funcionário iraniano foi sutil ao pedir investimentos no país: disse que os projetos de desenvolvimento serão financiados com capital próprio, mas também "damos as boas-vindas ao capital estrangeiro".
No mesmo dia em que Zarif e Nahavandian se apresentavam em Davos, o chanceler saudita, Adel bin Ahmed Al_Jubeir, escrevia para o "New York Times": "A verdadeira questão é se o Irã quer viver sob as regras do sistema internacional ou permanecer um Estado revolucionário, comprometido com a expansão e o desafio à lei internacional".
Zarif respondeu: "O Irã não é ameaça para ninguém". E aproveitou para alfinetar: "O gasto militar iraniano é um décimo do saudita".
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